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Líderes do G7 pedem 'desescalada' de tensões no Oriente Médio

Grupo reafirma direito de Israel a 'se defender'; declaração conjunta reforça, ainda, que Irã não pode ter acesso a armas nucleares

Líderes do G7 reunidos em Kananaskis, no Canadá  (Geoff Robins / AFP)

Líderes do G7 reunidos em Kananaskis, no Canadá (Geoff Robins / AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 17 de junho de 2025 às 06h49.

Última atualização em 17 de junho de 2025 às 06h51.

Os líderes do G7 que participam de uma cúpula no Canadá emitiram, na segunda-feira, 16, uma declaração conjunta pedindo uma "desescalada" das tensões no Oriente Médio, ao mesmo tempo em que destacam que Israel tem o direito de se defender na crescente crise militar com o Irã.

"Reafirmamos que Israel tem o direito de se defender", diz o texto. "Deixamos claro em todos os momentos que o Irã nunca poderá possuir uma arma nuclear".

"Instamos para que a resolução da crise iraniana leve a uma desescalada mais ampla das hostilidades no Oriente Médio, incluindo um cessar-fogo em Gaza", acrescentaram os líderes do grupo composto por sete das economias mais avançadas do mundo.

Logo após assinar a declaração conjunta, o presidente Donald Trump deixou, de helicóptero, a cúpula, um dia antes do previsto, para dedicar sua atenção ao conflito entre Israel e Irã, informaram jornalistas presentes no local.

'Isso é grande'

Desde sexta-feira, Israel tem atacado importantes locais nucleares e militares, além de matar altos comandantes e cientistas nucleares no Irã, que respondeu com sua própria ofensiva de ataques com drones e mísseis contra Israel.

Trump afirmou durante semanas que era favorável à diplomacia sobre a questão nuclear, e seu enviado Steve Witkoff se reuniu cinco vezes com autoridades iranianas, mas rapidamente apoiou os bombardeios israelenses e afirmou que Teerã deveria ter aceitado suas condições.

Em uma foto de grupo com os líderes do G7 antes do jantar, o republicano declarou: - Preciso voltar o mais rápido possível. Gostaria de poder ficar até amanhã, mas eles entendem, isso é grande.

O presidente francês, Emmanuel Macron, sugeriu que Washington estava disposto a fazer uma aproximação diplomática.

"Foi feita uma oferta para uma reunião e um intercâmbio", disse o líder europeu a jornalistas.

Repetidamente, Trump se recusou a dizer se os Estados Unidos participarão da ofensiva militar israelense, mas assegura que não esteve envolvido nos bombardeios iniciais e a Casa Branca esclareceu que suas forças permaneciam em posição defensiva até o final da segunda-feira.

Pressão sobre o Irã

Antes de anunciar sua partida, Trump disse que o Irã seria "tolo" se não aceitasse um acordo negociado.

"É doloroso para ambos os lados, mas eu diria que o Irã não está vencendo essa guerra, e que deveria conversar, e deveria fazer isso imediatamente, antes que seja tarde demais" declarou durante sua reunião com o anfitrião, o primeiro-ministro canadense Mark Carney.

Trump perderá um dia de reuniões nas quais estavam previstas conversas com os líderes da Ucrânia e do México, convidados especiais.

A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, disse que a saída de Trump é compreensível dada a situação "muito tensa" no Oriente Médio.

Macron havia dito, mais cedo, que forçar uma mudança de regime no Irã seria um "erro estratégico" e pediu o "fim" dos ataques contra civis iranianos e israelenses.

Também instou Teerã a retomar as negociações com Washington.

Desde que Trump se retirou de um acordo nuclear anterior em 2018, o Irã intensificou o enriquecimento de urânio, mas ainda não em níveis que lhe permitam construir uma bomba nuclear. É amplamente conhecido que Israel possui armas nucleares, embora não reconheça isso publicamente.

As espinhosas tarifas

A cúpula ocorre após meses de agitação no cenário global desde o retorno de Trump. O objetivo de muitos dos líderes presentes é desarmar sua ofensiva comercial.

O presidente republicano prometeu tarifas generalizadas tanto para aliados quanto para adversários, embora tenha adiado sua implementação para 9 de julho.

Até agora, o anfitrião Carney conseguiu evitar uma demonstração de divisões, mas as diferenças persistem e são profundas, especialmente em questões comerciais.

No entanto, Trump mostrou-se otimista quanto a uma resolução com o Canadá e assinou documentos com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, confirmando um acordo com o Reino Unido.

Além do México, outros convidados duramente afetados pelas tarifas são Índia, África do Sul e Coreia do Sul.

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