Redatora na Exame
Publicado em 6 de março de 2025 às 09h23.
Líderes da União Europeia se reúnem em Bruxelas nesta quinta-feira, 6, para discutir um aumento de gastos com defesa e reafirmar o apoio à Ucrânia, em um momento de crescente incerteza sobre o compromisso dos Estados Unidos com seus aliados europeus.
A cúpula ocorre após a suspensão da ajuda militar dos EUA a Kyiv, o que levantou dúvidas sobre a capacidade da Europa de substituir o apoio americano. Em 2023, os EUA foram responsáveis por mais de 40% da assistência militar à Ucrânia, segundo a OTAN.
O presidente Donald Trump também tem reforçado que a Europa deve assumir maior responsabilidade por sua própria segurança e já indicou que os EUA podem não proteger aliados da OTAN que não investirem o suficiente em defesa. Esse movimento preocupa líderes europeus, que veem a Rússia como a maior ameaça à segurança da região.
Na véspera do encontro, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que a Europa precisa se preparar para um cenário em que os EUA não estejam presentes. “Quero acreditar que os Estados Unidos estarão ao nosso lado. Mas precisamos estar prontos caso isso não aconteça”, disse Macron.
Diante desse novo cenário, França e Alemanha sinalizam um movimento para ampliar sua participação na defesa europeia. Macron sugeriu que a França poderia discutir a ampliação da proteção nuclear para os parceiros da UE, enquanto os partidos que negociam o novo governo alemão concordaram em flexibilizar regras fiscais para destinar bilhões de euros em gastos extras com defesa. Além disso, a Comissão Europeia apresentou um plano que pode mobilizar até 800 bilhões de euros (US$ 860 bilhões) para a segurança do bloco.
Diplomatas ouvidos pela agência Reuters esperam que a cúpula apoie amplamente as propostas da Comissão Europeia e acelere sua implementação, mas os detalhes ainda precisarão ser negociados. No que diz respeito à Ucrânia, a maioria dos líderes europeus deseja tranquilizar Volodymyr Zelensky de que ele ainda pode contar com o apoio europeu, após um embate com Trump na semana passada.
Apesar das movimentações políticas, ainda há divergências dentro do bloco. A chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, propôs estabelecer um compromisso financeiro claro de apoio militar à Ucrânia em 2024, mas a proposta enfrenta resistências.
O projeto pode ser vetado pelo primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, aliado de Donald Trump. Além disso, o premiê da Eslováquia, Robert Fico, condiciona seu apoio à inclusão de um trecho sobre a reabertura do trânsito de gás russo pela Ucrânia, interrompido neste ano.