O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante discurso na reunião do Brics (Ricardo Stuckert/PR)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 6 de julho de 2025 às 17h42.
Rio de Janeiro - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu reformas para aumentar a taxação a super-ricos e facilitar as transações financeiras entre países do bloco, em seu segundo discurso na reunião de cúpula do Brics, realizada neste domingo, 7, no Rio de Janeiro.
"O modelo neoliberal aprofunda as desigualdades. Três mil bilionários ganharam 6,5 trilhões de dólares desde 2015. Justiça tributária e combate à evasão fiscal são fundamentais para consolidar estratégias de crescimento inclusivas e sustentáveis, próprias para o século 21", disse Lula.
O presidente fez o discurso na segunda sessão de debates do Brics, voltada a debater o fortalecimento do multilateralismo, assuntos econômico-financeiros e inteligência artificial.
Ao final desta sessão, deverá ser divulgada uma declaração específica sobre IA, embora o tema já tenha sido abordado na declaração principal da cúpula, divulgada no começo da tarde.
"As novas tecnologias devem atuar dentro de um modelo de governança justo, inclusivo e equitativo. O desenvolvimento da Inteligência Artificial não pode se tornar privilégio de poucos países ou um instrumento de manipulação na mão de bilionários", afirmou Lula.
O presidente defendeu ainda que os países do Brics façam um estudo para criar mais redes de conexão direta entre eles por cabos submarinos, sem que os dados precisem passar por EUA e Europa.
Em sua fala, Lula ainda defendeu mudanças no Fundo Monetário Internacional (FMI), para aumentar o poder do Brasil e de outros países em desenvolvimento de definir os rumos da entidade.
"O Brasil apoia um processo de realinhamento de quotas inclusivo, com fórmula de cálculo simples, equilibrada e transparente. Mesmo nos termos atuais, as distorções são inegáveis", disse.
"Para fazer jus ao nosso peso econômico, o poder de voto dos membros do BRICS no FMI deveria corresponder pelo menos a 25% - e não os 18% que detemos atualmente", afirmou.
Nesta noite, Lula receberá os chefes de Estado e outros convidados em um jantar, ao lado da primeira-dama, Janja Lula da Silva.
As reuniões de trabalho serão retomadas na segunda-feira, 7, às 9h, com um debate sobre Meio Ambiente, COP30 e Saúde Global. O evento deve ser encerrado depois desta plenária.