Repórter
Publicado em 4 de novembro de 2025 às 14h12.
Última atualização em 4 de novembro de 2025 às 14h38.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira, 4, que fará uma nova ligação para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, caso as discussões entre os dois países não avancem até o final da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). O evento climático será realizado na próxima semana, em Belém.
Lula e Trump se encontraram na Malásia em outubro para diminuir as tensões entre as nações após o aumento das tarifas de importação sobre produtos brasileiros, que passaram de 10% para 50% em agosto, por decisão da Casa Branca.
"Saí da reunião com o presidente Trump convicto de que vamos chegar a um acordo", declarou Lula a jornalistas em Belém, às vésperas da COP30. "Falei a ele da importância de nossos negociadores iniciarem as conversas o quanto antes."
O presidente acrescentou que o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estão prontos para uma nova rodada de negociações e estão dispostos a viajar aos Estados Unidos se necessário.
"Se ao final da COP30 a reunião entre nossos negociadores e os de Trump ainda não tiver ocorrido, farei outra ligação para ele", reforçou Lula.
Na última sexta-feira, 31 de outubro, a Casa Branca confirmou à Reuters que não enviarão nenhum representante dos Estados Unidos para a COP30.
Segundo o funcionário da Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já esclareceu a posição de seu governo sobre a ação climática em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, quando chamou a mudança climática de "a maior farsa" do mundo e criticou os países por adotarem políticas climáticas que, segundo ele, "custaram fortunas a seus países".
"O presidente está se engajando diretamente com líderes de todo o mundo em questões de energia, o que pode ser observado nos acordos comerciais e de paz históricos, com um foco significativo em parcerias energéticas", declarou o funcionário da Casa Branca à Reuters.
A decisão dos EUA vem acompanhada de outros posicionamentos diplomáticos. A maioria dos países da Organização Marítima Internacional (IMO) votou pelo adiamento, por um ano, da decisão sobre um preço global do carbono no transporte marítimo internacional.
Os presidentes Lula e Donald Trump tiveram uma reunião presencial em Kuala Lumpur, na Malásia, em 26 de outubro. Os dois líderes afirmaram que há espaço para acordos para reduzir a tarifa de 50%, imposta pelos EUA a produtos brasileiros em agosto, bem como buscar acordos em outros temas.
"Tive uma ótima reunião com o presidente Trump. Discutimos, de forma franca e construtiva, a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras", disse Lula, após o encontro, que durou cerca de 45 minutos.
Os dois viajaram ao país para participar da cúpula da Asean. Antes da reunião, os dois falaram com a imprensa por cerca de dez minutos.
"Acho que seremos capazes de fazer alguns acordos muito bons que temos conversado, e acho que ao final teremos um relacionamento muito bom", disse Trump. "Eles podem oferecer muito e nós podemos oferecer muito."
Perguntado se reduziria as tarifas ao Brasil, ele disse que os dois presidentes "estariam discutindo isso por pouco tempo. Conhecemos um ao outro. Sabemos o que o outro quer".
Trump também foi questionado se falaria sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro na reunião. Ele respondeu "não é da sua conta".
"Eu sempre gostei dele. Me sinto mal pelo que aconteceu a ele. Sempre pensei que ele era honesto (straight-shooter), mas ele passou por muita coisa", afirmou Trump, sobre Bolsonaro.
Os presidentes Donald Trump e Lula, durante reunião na Malásia, em 26 de outubro (Ricardo Stuckert/PR)
A crise entre os dois países veio após Trump, em agosto, aumentar as taxas de importação sobre o Brasil, que chegaram a 50%, e impor sanções a autoridades brasileiras, como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao impor a taxa, Trump exigiu que o Brasil retirasse os processos na Justiça contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Moraes foi sancionado por conduzir o processo contra o ex-presidente, condenado em setembro por tentativa de golpe de Estado.
Por semanas, o governo americano se recusou a negociar com as autoridades brasileiras. O clima mudou após um encontro entre Lula e Trump na ONU, em setembro. Desde então, os dois presidentes falaram diversas vezes que houve "química" entre eles, o que teria aberto as conversas entre os dois governos.