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Lula e Trump vão se encontrar pessoalmente 'em breve' e trocaram telefones, diz comunicado

Presidentes tiveram reunião por vídeochamada nesta segunda-feira, 6 e destacaram 'tom amigável' da conversa

Montagem com imagens dos presidentes Lula e Donald Trump (AFP)

Montagem com imagens dos presidentes Lula e Donald Trump (AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 6 de outubro de 2025 às 12h00.

Última atualização em 6 de outubro de 2025 às 12h14.

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump conversaram por videochamada na manhã desta segunda-feira, 6 e concordaram em fazer um encontro presencial, segundo nota divulgada pelo governo brasileiro. A conversa teve "tom amigável" e durou cerca de 30 minutos. Na conversa, Lula pediu a retirada da tarifa extra de 40% sobre produtos brasileiros e das sanções aplicadas contra autoridades do país.

"Ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve. O presidente Lula aventou a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia; reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém (PA); e também se dispôs a viajar aos Estados Unidos", diz o comunicado. A cúpula será realizada no final de outubro. 

"O presidente Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad', diz ainda o comunicado. 

Os dois presidentes trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação, segundo o comunicado.

A conversa desta segunda-feira, 6, foi realizada na parte da manhã. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse a jornalistas que a reunião foi 'positiva'. Além de Haddad, participaram da ligação o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Mauro Vieira (Relações Internacionais) e Sidônio Palmeira (Comunicação).

A chamada foi realizada quase duas semanas após o primeiro contato entre eles, ocorrido em meio à Assembleia Geral da ONU, em 23 de setembro.

Esta foi a segunda conversa entre os dois líderes desde a posse de Trump, em janeiro, e desde que o americano passou a pressionar o Brasil a suspender o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Leia a íntegra do comunicado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na manhã desta segunda-feira, 6 de outubro, telefonema do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos. Em tom amistoso, os dois líderes conversaram por 30 minutos, quando relembraram a boa química que tiveram em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da ONU. Os dois presidentes reiteraram a impressão positiva daquele encontro.

O presidente Lula descreveu o contato como uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente. Recordou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços. Solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras.

O presidente Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve. O presidente Lula aventou a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia; reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém (PA); e também se dispôs a viajar aos Estados Unidos.

Os dois presidentes trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação. Do lado brasileiro, a conversa foi acompanhada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros Mauro Vieira, Fernando Haddad, Sidônio Palmeira e o assessor especial Celso Amorim.

Trump pressiona Brasil há meses

A onda de pressão contra o Brasil começou para valer em  9 de julho, quando Trump anunciou uma tarifa de 50% contra produtos brasileiros, que entrou em vigor em 6 de agosto. Ele disse que a medida era uma resposta às ações do Brasil contra Bolsonaro e a processos judiciais brasileiros contra empresas americanas, entre outras razões.

Desde então, o governo brasileiro busca negociar com a gestão Trump, mas enfrentava dificuldades e não conseguia estabelecer uma mesa de negociação.

Ao mesmo tempo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem feito campanha contrária e buscado convencer autoridades do governo Trump a não negociar com o governo do Brasil.

Como foi o primeiro encontro entre Lula e Trump

Em setembro, os dois tiveram seu primeiro encontro em meio à Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em 23 de setembro.

"Eu estava entrando e o líder do Brasil estava saindo. Nós o vimos, e eu o vi, ele me viu e nos abraçamos. Combinamos que nos encontraríamos na semana que vem. Não tivemos muito tempo para conversar. Cerca de 20 segundos", disse Trump, durante seu discurso na Assembleia Geral.

"Ele pareceu um homem muito legal. Na verdade, ele gostou de mim. Eu gostei dele. Eu só faço negócios com pessoas de quem gosto. Tivemos uma química excelente. É um bom sinal", completou.

Antes, Trump comentou as tarifas impostas sobre o Brasil, de 50%.

"O Brasil agora enfrenta tarifas pesadas em resposta aos seus esforços sem precedentes para interferir nos direitos e liberdades dos nossos cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, armamento, corrupção judicial e perseguição de críticos políticos nos Estados Unidos", afirmou.

Por sua vez, Lula disse que foi surpreendido pela aproximação do americano, realizada quando ele caminhava após sair do púlpito da Assembleia Geral da ONU. Trump faria o discurso seguinte ao do líder brasileiro.

"Aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível e aconteceu. Eu fiquei feliz que ele disse que pintou uma química boa entre nós. As relações humanas são 80% química e 20% emoção, disse Lula, em entrevista coletiva nesta quarta-feira, 24, na sede da ONU.

"É muito importante essa relação e eu torço para que dê certo, porque Brasil e Estados Unidos são as duas maiores democracias do continente. Nós temos muitos interesses empresariais, industriais, tecnológicos e científicos no debate sobre a questão digital e a inteligência artificial e na questão comercial. Espero que, dentro de alguns dias, a gente possa se encontrar e fazer uma pauta positiva. É o que eu quero e acho que ele quer também', afirmou.

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