Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente do Brasil, e Donald Trump, presidente dos Estados Unidos (Getty Images)
Repórter
Publicado em 1 de agosto de 2025 às 18h04.
Última atualização em 1 de agosto de 2025 às 19h00.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira, 1º, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode entrar em contato com ele "quando quiser".
A declaração foi dada em resposta a uma pergunta da repórter Raquel Krähenbühl, da TV Globo, sobre a possibilidade de um diálogo entre os dois mandatários.
"Ele pode falar comigo quando quiser", afirmou Trump.
Sobre a tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros, o presidente dos EUA não entrou em detalhes, mas declarou: "As pessoas que estão comandando o Brasil fizeram a coisa errada".
Apesar da crítica, Trump afirmou que "ama o povo do Brasil" e evitou antecipar quaisquer ações futuras. "Vamos ver o que acontece", disse ele.
Em entrevista ao jornal The New York Times, publicada na quarta-feira, 30, o presidente brasileiro comentou que ninguém nos Estados Unidos "quer conversar" sobre a tarifa de 50%.
"Eu designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que todos conversassem com seus equivalentes nos EUA e tentassem entender a possibilidade de diálogo. Até agora, não foi possível", explicou Lula.
Nesta quarta-feira, 30, Donald Trump assinou uma ordem executiva que estabelece uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos. A nova medida começará a valer no dia 7 de agosto.
De acordo com uma carta da Casa Branca, emitida em julho, a decisão foi tomada em resposta a práticas do governo brasileiro que, segundo os EUA, estariam prejudicando empresas americanas, violando a liberdade de expressão de cidadãos dos Estados Unidos e comprometendo interesses estratégicos do país.
O governo americano afirma que tais práticas foram implementadas por meio do Poder Judiciário brasileiro, com ordens que forçaram empresas a entregar dados de usuários, alterar políticas de moderação de conteúdo e censurar discursos políticos.
A assinatura da ordem executiva ocorreu no mesmo dia em que os EUA sancionaram o ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, que permite punir autoridades estrangeiras por violações de direitos humanos.
Segundo informações do governo dos EUA, todos os bens de Moraes no país estão bloqueados, assim como empresas associadas a ele. O ministro também está proibido de realizar transações com cidadãos ou empresas americanas, incluindo o uso de cartões de crédito de bandeira dos EUA.
País | Tarifa |
---|---|
Afeganistão | 15% |
Argélia | 30% |
Angola | 15% |
Bangladesh | 20% |
Bolívia | 15% |
Bósnia e Herzegovina | 30% |
Botswana | 15% |
Brasil | 10% (+ 40%) |
Brunei | 25% |
Camboja | 19% |
Camarões | 15% |
Chade | 15% |
Costa Rica | 15% |
Costa do Marfim | 15% |
República Democrática do Congo | 15% |
Equador | 15% |
Guiné Equatorial | 15% |
União Europeia | 15% |
Ilhas Malvinas | 10% |
Fiji | 15% |
Gana | 15% |
Guiana | 15% |
Islândia | 15% |
Índia | 25% |
Indonésia | 19% |
Iraque | 35% |
Israel | 15% |
Japão | 15% |
Jordânia | 15% |
Cazaquistão | 25% |
Laos | 40% |
Lesoto | 15% |
Líbia | 30% |
Liechtenstein | 15% |
Madagascar | 15% |
Malauí | 15% |
Malásia | 19% |
Maurício | 15% |
Moldávia | 25% |
Moçambique | 15% |
Mianmar | 40% |
Namíbia | 15% |
Nauru | 15% |
Nova Zelândia | 15% |
Nicarágua | 18% |
Nigéria | 15% |
Macedônia | 15% |
Noruega | 15% |
Paquistão | 19% |
Papua-Nova Guiné | 15% |
Filipinas | 19% |
Sérvia | 35% |
África do Sul | 30% |
Coreia do Sul | 15% |
Sri Lanka | 20% |
Suíça | 39% |
Síria | 41% |
Taiwan | 20% |
Tailândia | 19% |
Trinidad e Tobago | 15% |
Tunísia | 25% |
Turquia | 15% |
Uganda | 15% |
Reino Unido | 10% |
Vanuatu | 15% |
Venezuela | 15% |
Vietnã | 20% |
Zâmbia | 15% |
Zimbábue | 15% |
A Lei Magnitsky é um mecanismo legal dos Estados Unidos, sancionado em 2012 durante a Presidência de Barack Obama, que permite a aplicação de sanções econômicas a indivíduos acusados de envolvimento em corrupção ou graves violações de direitos humanos.
A legislação foi inspirada na morte de Sergei Magnitsky, advogado russo que denunciou um esquema de corrupção envolvendo autoridades da Rússia e que faleceu em uma prisão de Moscou em 2009.
Inicialmente voltada para punir os responsáveis pela morte de Magnitsky, a lei passou a abranger, em 2016, qualquer indivíduo ou grupo ligado a práticas de corrupção, ou abuso de direitos humanos, ampliando significativamente seu escopo.