Redação Exame
Publicado em 8 de setembro de 2025 às 16h03.
Última atualização em 8 de setembro de 2025 às 16h04.
O presidente francês, Emmanuel Macron, nomeará um novo primeiro-ministro "nos próximos dias", informou seu gabinete nesta segunda-feira, 8, afastando a possibilidade de uma antecipação das eleições após a queda do governo de François Bayrou no Parlamento.
Macron "toma nota do resultado da votação dos deputados" e "nomeará um novo primeiro-ministro nos próximos dias", informou a Presidência francesa em um comunicado, minutos após a queda de Bayrou em uma moção de confiança.
Após três horas de discursos, o Parlamento da França votou, por 364 a 194, para derrubar o governo do premier François Bayrou, o segundo em nove meses, intensificando a crise política. Bayrou terá agora que apresentar a renúncia do seu governo a Macron, que terá de nomear um substituto para o cargo, responsável por formar um governo.
Desde a antecipação das eleições legislativas de 2024, a França vive uma profunda instabilidade política, sem maiorias parlamentares estáveis e em um contexto de elevada dívida pública: quase 114% do PIB.
Bayrou, quem convocou o voto de confiança perante a Assembleia Nacional para obter apoio aos seus cortes orçamentários de quase 44 bilhões de euros (R$ 282 bilhões) visando restaurar as finanças públicas, começou justificando a decisão, dizendo que "queria" este "teste da verdade".
"O maior risco era não fazer um voto de confiança, deixar as coisas continuarem sem mudar nada... e continuar como sempre", defendeu Bayrou. "Senhoras e senhores, vocês têm o poder de derrubar o governo, mas não têm o poder de apagar a realidade. As despesas continuarão a aumentar ainda mais e o peso da dívida, já insuportável, ficará cada vez mais pesado e cada vez mais caro.
Segundo a AFP, Bayrou, o primeiro premier na História da França moderna a ser deposto por um voto de confiança em vez de um voto de desconfiança, apresentará sua renúncia na manhã de terça-feira, de acordo com uma pessoa próxima a ele que pediu para não ser identificada.
"Bayrou caiu. Vitória e alívio popular. Macron está agora na linha de frente, enfrentando o povo. Ele também deve sair ", declarou o líder do partido da esquerda radical França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, no X, poucos minutos após o resultado do voto de confiança.
No cargo desde dezembro, Bayrou é um velho conhecido da classe política francesa. Sua consagração nacional veio com a nomeação, em 1993, para o Ministério da Educação, durante a Presidência do socialista François Mitterrand.
Desde então, encadeou os mandatos de deputado, eurodeputado e prefeito. Em 2007, fundou o partido centrista Movimento Democrático (MoDem), do qual é líder desde então. Bayrou concorreu às eleições presidenciais em 2002, 2007 e 2012, sem sucesso.
O anúncio em julho de seu plano de cortes, que incluía a eliminação de dois feriados, reacendeu o descontentamento social na França. Na quarta-feira está prevista uma jornada de protestos com o lema: "Vamos bloquear tudo".
(Com informações das agências AFP e O Globo)