Autoridades do governo dos EUA disseram ao NYT que o objetivo é "tirar Maduro do poder" (Pedro MATTEY/AFP)
Redação Exame
Publicado em 15 de outubro de 2025 às 21h13.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez um discurso nesta quarta-feira em defesa da paz na América Latina e no Caribe e defendeu a soberania venezuelana horas após a declaração do presidente dos EUA, Donald Trump, afirmar que autorizou a Agência Central de Inteligência (CIA) a conduzir operações secretas na Venezuela. Maduro condenou o que chamou de "golpes de Estado orquestrados pela CIA" em discurso a uma comissão criada depois que Washington enviou navios de guerra ao Caribe para o que disse ser uma operação antidrogas.
"Não aos golpes de Estado dados pela CIA, que tanto nos lembram os 30 mil desaparecidos pela CIA nos golpes de Estado contra a Argentina (...) Até quando golpes de Estado da CIA? A América Latina não os quer, não os necessita e os repudia", disse
Trump disse nesta quarta-feira que considera expandir as operações militares no Caribe para incluir ataques terrestres na Venezuela, o que representaria uma escalada significativa da campanha americana que até agora tem como alvo embarcações no mar na região.
Em evento do Conselho Nacional pela Soberania e Paz, Maduro disse que não haverá mudança de regime na Venezuela, "como aconteceu no Afeganistão e na Líbia, nem golpe de estado, como a CIA promoveu no Chile ou na Argentina".
A ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, María Corina Machado, líder da oposição venezuelana, disse em entrevista à CNN que Maduro "declarou guerra" aos venezuelanos nas eleições de 2024, que ela declara terem sido vencidas por seu aliado, Edmundo González Urrutia:
"Maduro decidiu declarar guerra ao povo venezuelano, uma guerra que nós não queríamos — afirmou Machado. — [Maduro] iniciou essa guerra e precisamos da ajuda do presidente dos Estados Unidos para parar essa guerra, porque isso envolve vidas humanas."Autorid
Segundo o jornal The New York Times, a nova autorização permitiria que a CIA realizasse operações letais no país latino-americano e conduzisse uma série de investigações no Caribe. O país americano conta com 10 mil soldados, oito navios de guerra e um submarino mobilizados na região do Caribe.
Essa autorização, pontua o jornal norte-americano, é o passo mais recente na campanha de pressão crescente do governo Trump contra a Venezuela.
Há semanas, o exército dos EUA tem como alvo barcos na costa venezuelana que estariam transportando drogas, matando 27 pessoas. Autoridades americanas afirmaram para o jornal que o objetivo final da operação é tirar o Nicolás Maduro do poder.
A autorização de do governo Trump permitiria a agência realizar ações encobertas contra ou seu governo, seja unilateralmente ou em conjunto com uma operação militar maior. O jornal ainda afirma que essa estratégia foi desenvolvida pelo Secretário de Estado Marco Rubio com ajuda de John Ratcliffe, diretor da CIA.
Neste mês, Trump anunciou o fim das conversas diplomáticas com a Venezuela após Maduro se recusar a deixar voluntariamente seu cargo. O presidente venezuelano, por sua vez, diz se preparar para um cenário de conflito e acusa os EUA de "imperialismo".
Em um comunicado ao Congresso no final do mês passado, Trump disse que os cartéis que contrabandeiam drogas eram “grupos armados não estatais” cujas ações “constituem um ataque armado contra os Estados Unidos.”
O governo Trump diz que Maduro é o chefe do suposto Cartel de los Soles e sustenta que o presidente venezuelano teria ligações com a facção Tren de Aragua, hipóteses não confirmadas. Os Estados Unidos também ofereceram 50 milhões de dólares por informações que levem à prisão e condenação de por acusações de tráfico de drogas nos EUA segundo o jornal.