Toyota: montadora japonesa defende comércio mais aberto entre Japão e Estados Unidos (Kiyoshi Ota/Bloomberg /Getty Images)
Repórter
Publicado em 7 de novembro de 2025 às 06h01.
Produtores automobilísticos japoneses como Suzuki, Toyota e Honda passaram a fazer investimentos pesados na Índia, visando mover suas produções para o país, aproveitando os baixos custos de operação e ampla força de trabalho.
A medida também destaca a importância econômica da Índia como alternativa à dependência que muitos países, especialmente na Ásia, têm na China. Combinadas, a Toyota, que é líder mundial na produção de carros, e a Suzuki, que lidera o mercado da Índia com uma fatia de 40%, planejam investimentos de 11 bilhões de dólares no país até 2030, que também é o terceiro maior mercado automobilístico do mundo.
Além disso, a Honda também anunciou que pretende que a Índia seja o centro de produção e exportação para um dos seus novos modelos de carro elétrico, que explora outra vantagem indiana – o país se mantém totalmente fechado a veículos elétricos chineses, o que significa que o novo modelo da Honda não enfrentaria competição direta imediata de marcas como a BYD, que vem crescendo em popularidade.
Fabricantes japoneses estão tendo dificuldades em lucrar no mercado chinês, em meio a uma guerra comercial entre as próprias marcas chinesas, o que afeta diretamente o preço competitivo dos veículos.
"A Índia é uma boa opção como mercado substituto da China", disse à Reuters Julie Boote, analista do setor automotivo da Pelham Smithers Associates em Londres. "Por enquanto, os japoneses acham que é um mercado muito melhor porque não precisam lidar com os concorrentes chineses", disse ela.
Além disso, os nomes japoneses enfrentam competição acirrada à medida que a China se alastra para mercados em países do sudeste asiático, região onde marcas japonesas possuem grandes parcelas do mercado.
De acordo com a Reuters, o investimento anual japonês no setor de transporte da Índia aumentou mais de 7 vezes entre 2021 e 2024, atingindo 294 bilhões de Yen (cerca de US$ 2 bilhões) no ano passado. Ao mesmo tempo, o investimento japonês na China caiu 83% no mesmo período, para apenas 46 bilhões de yen, ou cerca de US$ 200 milhões.
A Toyota visa com seus investimentos expandir a produção de sua fábrica no estado de Karnataka, no sudoeste da Índia, em 100.000 veículos a mais por ano, e abrir uma nova fábrica na região de Maharashtra, no oeste do país. De acordo com apuração da Reuters, a marca pretende lançar 15 novos modelos na Índia até 2030. Com isso, estima-se que a produção indiana da marca ultrapasse os 1 milhão de veículos por ano.
“O mercado indiano é extremamente importante e está destinado a crescer no futuro", disse o presidente da Toyota, Koji Sato, a jornalistas no Japan Mobility Show da semana passada. O executivo também notou que outras marcas também estariam de olho no país.
Já a Suzuki visa adquirir uma fatia do mercado de 50%, planejando lançar 8 novos modelos de SUVs no país também até 2030, e ampliar sua produção de 2,5 milhões para 4 milhões de carros por ano. “Gostaríamos de consolidar a Índia como o centro global de produção da Suzuki", declarou o presidente Toshihiro Suzuki a jornalistas às margens do Mobility Show. "Queremos aumentar as exportações da Índia.”
A Honda, por sua vez, tem na Índia o maior mercado para suas famosas motocicletas, mas agora visa também ampliar seus negócios em quatro rodas, disse o Executivo Chefe da marca Toshihiro Mibe ao The Mobility Show. O país será palco para a produção do carro elétrico da série “Zero”, com um modelo projetado para exportação ao Japão e a outros mercados asiáticos.
As oportunidades também são favorecidas pelos incentivos do primeiro-ministro Narendra Modi, com incentivos fiscais, processos burocráticos mais simples, e limites governamentais no investimento chinês. Como resultado, tanto a Toyota quanto a Suzuki são majoritariamente donas de suas unidades da Índia, e a Honda tem 100% de posse de seus negócios no país.
“A postura protecionista da Índia em relação aos países vizinhos é uma bênção disfarçada para as montadoras japonesas", disse à Reuters Gaurav Vangaal, da S&P Global Mobility. "Por causa disso, elas veem uma oportunidade de expandir os investimentos na Índia, aumentando sua competitividade de custos em relação aos concorrentes locais.”