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México deve aumentar tarifas sobre importações da China após pressão dos EUA, diz agência

Taxas ao mercado chinês afetarão produtos como automóveis, têxteis e plásticos

Claudia Sheinbaum: presidente do México está sob pressão do governo dos Estados Unidos (AFP/AFP)

Claudia Sheinbaum: presidente do México está sob pressão do governo dos Estados Unidos (AFP/AFP)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 27 de agosto de 2025 às 18h48.

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O governo do México está preparando um aumento nas tarifas sobre os produtos da China como parte da proposta orçamentária para 2026, que será apresentada no próximo mês. A medida visa proteger as empresas mexicanas das importações de baixo custo e atende a um pedido antigo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informaram fontes próximas ao assunto à Bloomberg.

As tarifas, que afetarão produtos como automóveis, têxteis e plásticos, têm como objetivo proteger os fabricantes nacionais da competição com os produtos chineses subsidiados. Outros países asiáticos também devem ser afetados por essas tarifas.

Ainda não se sabe ao certo quais serão os aumentos específicos nas tarifas, mas o plano pode sofrer alterações. O rascunho da proposta orçamentária do governo da presidente Claudia Sheinbaum deve ser encaminhado ao Congresso até o dia 8 de setembro, segundo a Bloomberg.

Embora o plano precise ser aprovado pelo Legislativo, o partido de Claudia Sheinbaum e seus aliados têm uma maioria de dois terços nas duas casas, o que torna improváveis mudanças substanciais feitas pelos congressistas. No entanto, o gabinete presidencial e o Ministério da Economia ainda não emitiram uma declaração oficial sobre o aumento das tarifas sobre a China.

Desde o início do ano, o governo de Donald Trump tem pressionado autoridades mexicanas a aumentarem as tarifas sobre as importações chinesas, seguindo a mesma linha dos EUA. Como resposta, as autoridades mexicanas sugeriram a ideia de criar uma "Fortaleza América do Norte", que restringiria as importações da China, enquanto fortalece as relações comerciais e industriais entre EUA, México e Canadá. Scott Bessent, Secretário do Tesouro dos EUA, se mostrou favorável à ideia.

Além disso, os três países devem revisar o acordo de livre comércio, firmado no primeiro mandato de Trump, até o meio do próximo ano.

A pressão dos EUA para que o México, um dos principais parceiros comerciais dos norte-americanos, contenha a entrada de produtos chineses baratos se dá, em parte, pela alegação de Trump de que esses produtos entram no México e depois seguem para os EUA. O México conseguiu um adiamento das tarifas mais altas no mês passado após uma conversa entre Claudia Sheinbaum e Donald Trump, dando mais tempo para negociações comerciais.

Em paralelo, os dois países estão próximos de um acordo para combater o tráfico de drogas e a violência. Trump mencionou o tráfico de fentanil como a razão pela qual o México está pagando uma taxa de 25% sobre produtos fora do escopo do tratado de livre comércio. Resolver essa questão no novo acordo de segurança ajudaria a avançar nas negociações sobre outros temas, como tomates e aço, de acordo com a Bloomberg.

Força dos carros chineses no mercado mexicano

Nos últimos anos, o mercado de carros chineses no México cresceu significativamente, com o país se tornando o maior destino global de veículos chineses em 2025, superando a Rússia, segundo dados da Associação Chinesa de Automóveis de Passageiros. Embora os veículos chineses enfrentem tarifas de até 20% no México, esse valor é baixo comparado às taxas dos EUA, onde o ex-presidente Joe Biden impôs uma tarifa de 100% sobre veículos elétricos chineses e proibiu a maioria dos carros com software desenvolvido na China.

A elevação das tarifas sobre a China ajudaria a aumentar a arrecadação do México e auxiliaria Sheinbaum a encontrar formas de controlar o déficit orçamentário, que alcançou o maior nível desde os anos 1980 em 2024. O governo mexicano tem se concentrado em aumentar a arrecadação tributária sem realizar grandes aumentos de impostos.

Ela também tem promovido a indústria nacional por meio do "Plano México", que foca em parques industriais e em projetos de investimentos públicos para estimular o ambiente de negócios em um contexto econômico instável. Além disso, o governo Sheinbaum já havia aumentado os impostos sobre alguns produtos importados, como têxteis e roupas vendidos diretamente ao consumidor.

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