Agência de Notícias
Publicado em 2 de setembro de 2025 às 19h11.
Última atualização em 2 de setembro de 2025 às 19h16.
O presidente da Argentina, Javier Milei, denunciou nesta terça-feira a existência de, segundo ele, uma “rede de espionagem ilegal” formada por jornalistas aos quais ele associou a divulgação de áudios de sua irmã e secretária-geral da Presidência, Karina Milei, em meio a um escândalo de supostas propinas no qual teve o nome envolvido.
“A cada passo, fica mais clara a rede de espionagem ilegal da qual um grupo de jornalistas faz parte. Esses espiões que se disfarçam de ‘jornalistas’ querem desviar a atenção do assunto real. Eles não estão acima da lei. Eles se acham impunes, mas não são”, afirmou Milei na rede social X (ex-Twitter).
A acusação do presidente argentino foi feita em meio a um escândalo de corrupção após a divulgação na imprensa local, em 20 de agosto, de gravações de um funcionário descrevendo um esquema de arrecadação de subornos por meio da Agência Nacional de Deficiência (Andis), que teria Karina como uma das beneficiárias.
A postagem de Milei no X foi feita após uma denúncia apresentada na segunda-feira à Justiça sobre uma suposta “operação de inteligência ilegal” contra o governo, após a divulgação de áudios da irmã e às vésperas das eleições legislativas do próximo domingo na província de Buenos Aires e do pleito de 26 de outubro que renovará parte do Congresso Nacional.
Paralelamente, a Justiça argentina proibiu ontem, a pedido do governo, a divulgação de gravações de Karina registradas na Casa Rosada, uma medida que foi amplamente criticada por advogados constitucionalistas e organizações que defendem a liberdade de imprensa no país.
Embora uma série de áudios de Karina vazados na última sexta-feira não façam menção ao escândalo de corrupção, mas sim a disputas dentro do partido governista A Liberdade Avança, a denúncia do governo afirmou que um jornalista ligado à sua divulgação afirmou ter 50 minutos de gravações e solicitou buscas em sua residência e no Carnaval, canal de streaming que as divulgou.
A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, classificou nesta terça-feira o vazamento dos áudios como uma “operação planejada e combinada em todas as etapas: gravação, tempo de espera e execução em época eleitoral".
Ontem, o procurador federal Carlos Stornelli iniciou uma investigação sobre o vazamento das gravações, embora em seu parecer tenha esclarecido que “a investigação não poderá vasculhar as fontes de nenhum jornalista”, o que inclui a “inviolabilidade do domicílio”.
Martín Menem, presidente da Câmara dos Deputados, referiu-se à suposta origem das gravações vazadas para a imprensa e, apesar de a denúncia do Poder Executivo indicar que elas foram gravadas na Casa Rosada, sugeriu que, na verdade, foram registradas na Câmara dos Deputados.
“A suposta gravação ilegal e divulgação de conversas privadas no exercício de nossa função pública é evidentemente uma tentativa deliberada de desestabilização no âmbito do processo eleitoral”, comentou ele no X.