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Milei chama vice de traidora após Senado argentino aprovar aumento da aposentadoria

Presidente argentino ameaça vetar aumento da aposentadoria; Victoria Villarruel mantém uma relação distante com o chefe de Estado e seu gabinete desde o ano passado

Vice-presidente Victoria Villarruel discursando durante sessão para debater aumentos de pensões e projeto de lei de emergência para pessoas com deficiência no Congresso Nacional, em Buenos Aires, em 10 de julho de 2025 (Sofia ARECO / ARGENTINA'S SENATE / AFP)

Vice-presidente Victoria Villarruel discursando durante sessão para debater aumentos de pensões e projeto de lei de emergência para pessoas com deficiência no Congresso Nacional, em Buenos Aires, em 10 de julho de 2025 (Sofia ARECO / ARGENTINA'S SENATE / AFP)

Publicado em 11 de julho de 2025 às 08h31.

O Senado da Argentina aprovou nesta quinta-feira, 10, pacotes de reformas que preveem aumento de 7,2% nas aposentadorias e a prorrogação de uma moratória para aposentadorias, que permite que cidadãos se aposentem sem cumprir todos os anos de contribuição exigidos pela lei.

A medida gerou controvérsias no país e levou o presidente Javier Milei a chamar sua vice, Victoria Villarruel, de "traidora". "Fizemos 2.500 reformas estruturais. Não só tivemos um programa de estabilização mais bem-sucedido que a convertibilidade, como também fizemos 25 vezes mais reformas com apenas 15% da Câmara dos Deputados, sete senadores e uma traidora [Victoria Villarruel]", disse o presidente argentino durante discurso sobre os projetos, segundo o jornal La Nación.

O episódio gerou reações em todo o país, principalmente porque Villarruel, que também ocupa o cargo de presidente do Senado, estava presente durante a votação das medidas. Em um governo que já enfrenta desafios fiscais, a aprovação das reformas gerou críticas por parte de Milei, que vê as iniciativas como comprometedores para o equilíbrio fiscal do país.

Vetos e possíveis consequências jurídicas

Milei já se posicionou contra as reformas e afirmou que vetará os pacotes aprovados. “E, se por acaso o veto cair, o que não acredito que vai acontecer, vamos judicializar. Mesmo que a Justiça fosse surpreendentemente rápida, o dano seria mínimo. Uma simples mancha que reverteremos em dois meses”, garantiu o presidente.

De acordo com as novas medidas, além do aumento nas aposentadorias, o governo também busca ampliar a possibilidade de aposentadoria para pessoas que não cumpriram todos os anos de contribuição.

Mensagem à vice-presidente

Enquanto os senadores discutiam a validade da sessão, a ministra da Segurança Nacional da Argentina, Patricia Bullrich, postou uma mensagem nas redes sociais para exigir que Villarruel deixasse o plenário.

"Levante-se, Senhora Vice-Presidente. Não difame a instituição que preside. Não seja cúmplice do kirchnerismo destrutivo. Pelo menos permaneça ao lado das pessoas que votaram em você para mudar este país. Não apoie a corporação política mais abjeta da história", disse Bullrich.

Villarruel, que fez parte da chapa presidencial liderada por Milei e venceu as eleições presidenciais de 2023, mantém uma relação distante com o chefe de Estado e seu gabinete desde o ano passado. 

Divergências políticas entre Milei e Villarruel

As tensões entre Milei e Villarruel não são novidades. Em novembro de 2024, o presidente já havia afirmado que a vice-presidente não participava da tomada de decisões em seu governo, acusando-a de estar mais alinhada com o que ele chama de “círculo vermelho” da política argentina.

Villarruel, que vem de uma família com forte tradição militar, tem se distanciado publicamente das políticas e visões de Milei, em especial em relação ao período da ditadura militar na Argentina, que aconteceu entre 1976 e 1983. A vice-presidente defende a ditadura como uma “guerra” contra o comunismo, tese contestada por historiadores do país e por grupos de direitos humanos.

*Com EFE. 

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