Mercosul e os novos desafios: Argentina pressiona por acordo com os Estados Unidos e enfrenta resistência interna (Mauro Pimentel/AFP/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 10 de março de 2025 às 15h19.
O governo argentino, sob a liderança do presidente Javier Milei, deve propor aos demais sócios do Mercosul uma negociação conjunta para um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. Um interlocutor próximo a Milei afirmou que, caso Brasil, Uruguai e Paraguai não aceitem essa possibilidade, a Argentina poderá buscar um acordo com os americanos de forma independente.
Pelas normas do Mercosul, negociações de acordos comerciais que envolvem redução de tarifas de importação devem ser feitas de forma conjunta, o que limita a capacidade de negociação individual dos países. No entanto, o governo Milei defende uma flexibilização das regras do bloco, permitindo um tratamento preferencial para produtos americanos e vice-versa.
A proposta de negociação conjunta ou a flexibilização das regras para acordos comerciais será discutida já nesta semana, durante reuniões de coordenadores do Mercosul, em Buenos Aires. A Argentina preside o bloco este semestre, e a expectativa é que o tema seja colocado na pauta da próxima cúpula de líderes do grupo sul-americano.
Na semana passada, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que consideraria negociar um acordo de livre comércio com a Argentina, conforme almeja o governo de Milei. A declaração foi um primeiro sinal positivo em relação a um dos principais objetivos da política externa do governo argentino, especialmente em meio à guerra comercial com a administração Trump, que tem focado sua política de tarifas em diversas economias.
"Considerarei qualquer coisa. E a Argentina, sem dúvida, acho que ele (Milei) é genial. Acho que ele é um grande líder. Está fazendo um ótimo trabalho. Está fazendo um trabalho fantástico. Ele resgatou o país do esquecimento", disse Trump.
Apesar das divergências políticas entre Milei e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, a agenda bilateral entre Argentina e Brasil continua ativa. A relação entre os dois países abrange temas como comércio, investimentos, cooperação nuclear e entre as forças armadas, integração fronteiriça, migração, transportes, turismo e projetos energéticos.
O interlocutor de Buenos Aires destacou que, embora Milei e Lula não se falem diretamente, a agenda bilateral continua em andamento, com pontos importantes sendo discutidos. Alguns temas, como o comércio administrado de automóveis, investimentos e o diálogo político, foram postergados, mas deverão ser retomados.
Entre as questões mais relevantes no âmbito político, estão temas como educação, Antártida e cultura. O interlocutor enfatizou que os interesses entre Brasil e Argentina são “profundos, intensos e fortes”, e que o relacionamento entre os dois países continua a ser uma prioridade.