Tempestade em Bahía Blanca: cidade argentina sofre com enchentes, saques e crise humanitária após temporal devastado (ABRAMOVICH / AFP)
Agência de notícias
Publicado em 12 de março de 2025 às 19h04.
O presidente argentino, Javier Milei, chegou nesta quarta-feira à cidade de Bahía Blanca, no sul da província de Buenos Aires, onde uma tempestade histórica deixou 16 pessoas mortas e 100 desaparecidas em cinco dias. Milei pretende acompanhar os esforços de reconstrução na cidade, que ainda enfrenta impactos sem precedentes.
Equipes de resgate continuam as buscas por duas irmãs arrastadas pela correnteza, junto com a mãe – que sobreviveu – e uma pessoa que tentou resgatá-las, cujo corpo foi encontrado no domingo. Outras 94 pessoas também estão sendo procuradas, segundo o procurador-geral de Bahía Blanca, Juan Pablo Fernández.
De acordo com Fernández, há chances de que o número de vítimas fatais aumente.
— É provável que haja mais mortos — afirmou à Rádio Mitre, na segunda-feira.
Com centenas de casas abandonadas devido às enchentes, a cidade enfrenta uma onda de crimes. A Justiça recebeu dezenas de denúncias de roubos a comércios e arrombamentos de residências vazias.
Diante da crise humanitária, um trem solidário carregado com toneladas de alimentos, roupas e produtos de higiene chegou à cidade nesta quarta-feira. As doações foram coletadas ao longo dos 600 km entre Bahía Blanca e Buenos Aires. Mais de 4 mil voluntários atenderam ao chamado da prefeitura para ajudar na distribuição das doações e na limpeza.
— Houve 17 prisões — informou Fernández. — As delegacias estão lotadas.
A tempestade da última sexta-feira provocou o rompimento dos canais de drenagem que atravessam a cidade portuária. Em apenas algumas horas, a chuva dobrou a média histórica anual.
O temporal, considerado o pior já registrado na cidade de 350 mil habitantes, localizada a 600 km ao sul de Buenos Aires, causou inundações catastróficas. O hospital principal foi inundado e precisou ser evacuado de madrugada.
Estradas foram destruídas, pontes arrancadas e veículos empilhados pela força da água. Segundo as autoridades, 269 escolas foram afetadas: das primeiras 100 avaliadas, 32 não sofreram danos, em 45 será necessário fazer uma limpeza e 23 têm danos graves e precisarão de obras.
Cerca de mil pessoas ficaram desalojadas, sendo que 370 ainda permanecem em centros de assistência. Autoridades acreditam que muitos dos desaparecidos podem estar vivos, mas sem contato com familiares.
A prefeitura estima que serão necessários cerca de 400 milhões de dólares (R$ 2,33 bilhões) para a reconstrução de Bahía Blanca.
— Mais de 70% da população de Bahía Blanca sofreu danos graves — afirmou o prefeito Federico Susbielles.
O governo nacional autorizou um repasse de 9,2 milhões de dólares (R$ 53 bilhões), mas o governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, considera o valor "insuficiente". Ele pediu a Milei que destine “uma parcela” do novo empréstimo que a Argentina negocia com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar na reconstrução da cidade.