O Brigadeiro-General Denis N'Canha, chefe do gabinete militar da presidência, em uma conferência de imprensa no Estado-Maior das Forças Armadas em 26 de novembro de 2025 (Patrick MEINHARDT /Getty Images)
Repórter
Publicado em 26 de novembro de 2025 às 15h23.
Soldados da Guiné-Bissau anunciaram nesta quarta-feira, 26 e novembro, por meio da televisão estatal, que tomaram o controle do país. A declaração ocorreu três dias após as eleições nacionais e foi acompanhada por relatos de disparos nas imediações do Palácio Presidencial, na capital Bissau, segundo informações da agência Reuters.
Em pronunciamento transmitido pela emissora pública, o porta-voz do alto comando militar, Denis N'Canha, comunicou a decisão das Forças Armadas de destituir o presidente Umaro Sissoco Embaló e suspender todas as instituições da República "até novas ordens". A ação, segundo ele, é uma resposta à suposta existência de um plano para desestabilizar o país.
A acusação, segundo o pronunciamento, envolve tanto “cidadãos nacionais” quanto “estrangeiros” que estariam tentando interferir nos resultados eleitorais com a intenção de manipular o desfecho do pleito. Como resultado, os militares interromperam o processo eleitoral, suspenderam as atividades da imprensa e ordenaram o fechamento imediato das fronteiras.
O país africano, marcado por sucessivos golpes desde a independência de Portugal em 1973, realizou eleições presidenciais e legislativas no domingo, 23 de novembro. Antes da divulgação oficial dos resultados, prevista para quinta-feira, 27, tanto o presidente Embaló quanto o opositor Fernando Dias da Costa reivindicaram vitória.
Desde sua independência, a Guiné-Bissau convive com repetidos episódios de instabilidade política. Em 2022, o presidente Umaro Sissoco Embaló sobreviveu a uma tentativa de golpe de Estado. O país também enfrenta desafios relacionados ao tráfico internacional de drogas, segundo relatórios da ONU, que apontam a região como rota de passagem de entorpecentes entre a América do Sul e a Europa.
O atual episódio amplia o histórico de rupturas democráticas na região do Golfo da Guiné, onde países como Mali, Burkina Faso e Níger também passaram por intervenções militares recentes.
(Com informações da agência AFP)