Líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, durante audiência em Teerã (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 17 de junho de 2025 às 11h14.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, ameaçou o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, nesta terça-feira, 17, advertindo que o chefe político poderia ter um destino "semelhante" ao de Saddam Hussein, presidente iraquiano deposto e posteriormente executado pelos EUA. O comentário surge em um momento em que autoridades israelenses sobem o tom sobre a eliminação de Khamenei e discutem uma possível queda do regime iraniano.
"Advirto o ditador iraniano contra continuar a cometer crimes de guerra e lançar mísseis contra civis israelenses", disse Katz, citado em um comunicado emitido por seu gabinete.
"Ele deveria se lembrar do que aconteceu com o ditador no país vizinho ao Irã, que seguiu o mesmo caminho contra Israel".
Saddam foi deposto na invasão liderada pelos EUA em 2003 e posteriormente capturado e executado. O governo iraquiano, à época, disparou mísseis contra Israel durante a Guerra do Golfo de 1991, e foi acusado de executar um programa secreto de armas nucleares — embora nenhuma evidência neste sentido tenha sido encontrada, mesmo durante a invasão.
A declaração de Katz foi feita durante uma reunião com comandantes militares e de serviços de segurança israelenses, enquanto os dois países continuam a trocar ataques aéreos. Israel acusa o Irã de lançar ataques contra alvos civis, e na segunda-feira o próprio Katz já tinha emitido um comunicado condenando a prática, culpando o próprio Khamenei pela estratégia.
"Gostaria de esclarecer o óbvio: não há intenção de agredir fisicamente os moradores de Teerã como o ditador assassino faz contra os moradores de Israel. Os moradores de Teerã serão forçados a pagar o preço da ditadura e evacuar suas casas de áreas onde será necessário atacar alvos do regime e a infraestrutura de segurança em Teerã", escreveu Katz.
Tanto Khamenei individualmente quanto o regime iraniano parecem estar com um alvo nas costas em meio à ofensiva israelense contra o país, lançada sob pretexto de um "ataque preventivo" contra o que classifica como uma ameaça existencial.
A intenção de eliminar Khamenei foi colocada em termos diretos na segunda-feira pelo premier de Israel, Benjamin Netanyahu. Em uma entrevista à rede americana ABC News, o líder israelense disse que assassinar o líder supremo do Irã "acabaria com o conflito" em vez de aprofundá-lo.
"Isso não vai escalar o conflito, vai acabar com o conflito", disse Netanyahu.
"A 'guerra eterna' é o que o Irã quer, e eles estão nos levando à beira de uma guerra nuclear. Na verdade, o que Israel está fazendo é impedir isso, pôr fim a essa agressão, e só podemos fazer isso enfrentando as forças do mal".
Fontes americanas ouvidas no domingo pela agência de notícias Reuters afirmaram que Trump teria vetado uma proposta israelense para matar Khamenei. De acordo com as duas fontes consultadas, uma das quais ocuparia um cargo sênior no governo americano, Israel teria informado Washington que tinha uma oportunidade concreta de matar Khamenei, mas o governo americano teria impedido a operação.
Embora a guerra ao Irã tenha sido declarada sob a motivação de destruir o programa nuclear do país e o suposto desenvolvimento de armas atômicas — o que o país nega ser um objetivo —, analistas apontam que a ofensiva parece agir com objetivo de enfraquecer o regime dos aiatolás e forçar uma mudança de governo.
Fontes ouvidas pela rede britânica BBC em Jerusalém afirmam que a mudança de regime está sendo cada vez mais discutida. Com os ataques, Israel estaria "removendo obstáculos" para que dissidências internas possam agir e tomar o poder.