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MOP GBU-57 A/B: a bomba 'destruidora de bunkers' que só os EUA têm e que pode aniquilar o Irã

Bomba é a única capaz de penetrar no solo e destruir estruturas localizadas a dezenas de metros de profundidade, como as instalações nucleares de Fordo, no Irã

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 18 de junho de 2025 às 18h10.

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Irã e Israel vivem um dos períodos mais tensos de sua história geopolítica. E o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tem diversos motivos para solicitar apoio militar dos Estados Unidos na ofensiva contra o Irã, especialmente quando se trata do uso de uma arma estratégica: a bomba MOP GBU-57 A/B.

Com 14 mil quilogramas e seis metros de comprimento, a MOP, ou Massive Ordnance Penetrator (penetrador massivo de artilharia, em tradução livre), é uma bomba de grande poder destrutivo, projetada para atingir e destruir instalações subterrâneas. Tem o potencial de acabar com o programa nuclear iraniano, sendo capaz de penetrar em bunkers profundos, como os de Fordo, um dos centros mais importantes do enriquecimento de urânio no Irã.

No entanto, Israel enfrenta um grande obstáculo: a arma pertence aos Estados Unidos, e somente eles dispõem da tecnologia adequada para lançá-la — o bombardeiro B-2 Spirit, um avião furtivo com capacidade de carga de até 18 mil quilogramas e autonomia de 11 mil quilômetros sem reabastecimento, projetado para carregar e lançar a bomba.

O caminho da Guerra

Embora Israel tenha afirmado que conquistou a superioridade aérea sobre o Irã, com ataques aéreos em bases militares e instalações de defesa — incluindo as de enriquecimento de urânio de Natanz —, a destruição total do programa nuclear iraniano depende da neutralização de Fordo.

Localizada cerca de 95 quilômetros a sudoeste de Teerã, na montanha próxima à cidade de Qom, a instalação subterrânea foi projetada para resistir a ataques aéreos. É protegida por uma espessa camada de rocha a 80 metros de profundidade e conta sistemas de mísseis terra-ar avançados. A construção iniciou-se por volta de 2006, e entrou em operação em 2009.

De acordo com informações do New York Times, a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, na sigla em inglês) reportou que a instalação estava enriquecendo urânio a 83,7% de pureza — uma quantidade próxima ao nível necessário para a fabricação de armas nucleares, de 90%.

Fordo é um alvo difícil, mas não impossível. Após os ataques israelenses, acredita-se que as defesas aéreas iranianas possam ter sido severamente danificadas.

Mas para destruir o local, Israel precisaria da bomba GBU-57 A/B. Após lançada, a arma é guiada remotamente até o alvo e possui a capacidade de penetrar até 61 metros de profundidade antes de explodir. Várias bombas podem ser lançadas em sequência, o que amplia o alcance da destruição até, eventualmente, atingir o núcleo das instalações. Embora a bomba carregue uma ogiva convencional, existe especulação sobre a liberação de material nuclear, especialmente se o ataque danificar as instalações de enriquecimento de urânio.

A complexidade do ataque destaca a necessidade de cooperação entre Israel e os Estados Unidos, não apenas para garantir que a bomba chegue ao alvo, mas também para enfrentar as ameaças que ainda protegem o programa nuclear iraniano.

Por que Irã e Israel se tornaram inimigos?

Na manhã de sexta-feira, 13, Israel realizou um ataque sem precedentes contra o Irã, com o objetivo de atingir o centro do programa nuclear do país e altos líderes militares.

Em resposta, o Irã iniciou uma retaliação e intensificou as preocupações sobre a possibilidade de um conflito mais amplo no Oriente Médio, enquanto a comunidade internacional solicita que ambos os lados diminuam a tensão. A região já enfrenta a pressão da guerra entre Israel e o Hamas, que começou em 7 de outubro de 2023 e ainda perdura.

Entretanto, relação entre Israel e o Irã nem sempre foi marcada por hostilidade. A cooperação histórica entre os dois países foi fundamental na primeira metade do século XX, visto que judeus viviam no Irã há pelo menos 2.500 anos.

Mas o país foi um dos que apoiou o plano de divisão da Palestina proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1947, que visava criar dois Estados: um judeu e outro palestino. Quando o plano foi aprovado — com 33 votos a favor, 13 contra e 10 abstenções —, o Irã, embora tenha se oposto à estratégia, sugeriu a criação de uma federação na Palestina, com um Estado árabe e um Estado judeu coexistindo.

A proposta visava promover a colaboração entre árabes e judeus dentro de uma estrutura federal, como relatado nos documentos da ONU. E não foi bem-vista pelo Estado de Israel, o que deu início a uma era de tensão entre as duas nações.

Um ano após a aprovação do plano da ONU, Israel declarou independência e embarcou em várias guerras ecom países árabes vizinhos, como as de 1948, 1967 e 1973. Na guerra de 1948, o Egito, Síria, Jordânia, Iraque e Líbano participaram, mas o Irã não se envolveu diretamente, muito embora não concordasse com o Estado Judeu.

Como resultado, Israel conquistou 77% do território que havia sido a Palestina sob o Mandato Britânico, incluindo grande parte de Jerusalém. Mais da metade da população árabe palestina foi expulsa ou fugiu para outras áreas. A tensão entre os dois países se intensificou.

A rivalidade do Irã com Israel, e também com os EUA, atingiu o ponto máximo em 1979, durante a Revolução Iraniana, quando o Xá do Irã, governante monárquico aliado ao Ocidente e a Israel, foi derrubado por fundamentalistas islâmicos. As diferenças ideológicas entre os dois países, somadas aos erros e reveses políticos dos Estados Unidos, agravaram ainda mais a animosidade entre iranianos e israelenses.

Hoje, os aiatolás do Irã, liderados pelo líder supremo do país, têm essencialmente três objetivos principais: expulsar os Estados Unidos do Oriente Médio, substituir Israel pela Palestina e derrubar a ordem mundial liderada pelos Estados Unidos.

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