Agência de notícias
Publicado em 19 de agosto de 2025 às 15h55.
Em meio à aproximação da costa da Venezuela de três destróideres americanos Aegis, equipados com mísseis guiados, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos em todo o território nacional para reagir ao que chamou de “ameaças” dos EUA.
De acordo com fontes ouvidas pela agência britânica Reuters na noite de segunda-feira, as embarcações chegarão perto da costa do país caribenho na manhã de quarta-feira como parte de ordem emitida em 8 de agosto ao Pentágono para começar a usar força militar contra cartéis de drogas latino-americanos classificados por Washington como organizações terroristas.
No mesmo dia, o governo de Donald Trump dobrou para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à prisão do líder venezuelano, sob a alegação do Departamento de Justiça de que o presidente venezuelano teria ligação com o narcotráfico.
— Vou ativar nesta semana um plano especial para garantir a cobertura, com mais de 4,5 milhões de milicianos, de todo o território nacional, milícias preparadas, ativadas e armadas — anunciou Maduro em ato transmitido pela TV, ao ordenar "tarefas" perante "a renovação das ameaças" dos Estados Unidos contra a Venezuela.
A Marinha dos Estados Unidos começou a mobilizar mais de 4 mil fuzileiros navais e marinheiros para as águas da América Latina e do Caribe na última sexta-feira, segundo a rede americana CNN.
Sem citar diretamente os navios de guerra americanos, Maduro endureceu o tom em discurso transmitido na segunda-feira, afirmando haver uma “ameaça bizarra e absurda de um império em declínio”.
— A Venezuela defenderá nossos mares, nossos céus e nossas terras — disse.
À agência Reuters, uma autoridade americana informou, sob condição de anonimato, que o pacote militar inclui ainda aviões espiões P-8, navios de guerra e pelo menos um submarino de ataque, em operações que devem se estender por vários meses em águas e espaço aéreo internacionais.
Trump fez da repressão aos cartéis de drogas um objetivo central de seu governo como parte de um esforço mais amplo para limitar a migração e proteger a fronteira sul dos EUA. Nos últimos meses, o governo Trump já enviou pelo menos dois navios de guerra para ajudar nos esforços de segurança de fronteira e no combate ao tráfico de drogas.
Criada pelo ex-presidente Hugo Chávez, a Milícia venezuelana é hoje um dos cinco componentes da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB). Segundo dados oficiais, o contingente é formado por aproximadamente 5 milhões de reservistas.
Maduro destacou o apoio interno recebido diante do que chamou de “repetição podre” de ameaças.
— Os primeiros a manifestar solidariedade e apoio a este presidente trabalhador que aqui está foram os militares desta pátria — disse, pedindo às bases políticas do governo que ampliem a formação das milícias camponesas e operárias. — Fuzis e mísseis para a força camponesa! Para defender o território, a soberania e a paz da Venezuela. Mísseis e fuzis para a classe operária, para que defenda a nossa pátria!.
O governo brasileiro acompanha com preocupação a movimentação. Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliam que o envio de forças americanas é “preocupante em qualquer circunstância”. A avaliação, no entanto, tem como base informações divulgadas pela imprensa internacional.
Já a presidente do México, Claudia Sheinbaum, que está em viagem à Guatemala, afirmou que a operação ocorre em águas internacionais e, portanto, não configura um ato de intervencionismo.
O contingente é formado por militares do Grupo Anfíbio de Prontidão Iwo Jima (ARG, na sigla em inglês) e da 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais para o Comando Sul dos EUA. Sua movimentação faz parte de um reposicionamento mais amplo de ativos militares para a área de responsabilidade do Comando Sul dos EUA (Southcom), que vem sendo realizado nas últimas três semanas, disse uma das autoridades de defesa.
Um submarino de ataque com propulsão nuclear, aeronaves de reconhecimento P8 Poseidon adicionais, vários contratorpedeiros e um cruzador de mísseis guiados também estão sendo alocados para o Comando Sul dos EUA como parte da missão, segundo fontes da CNN.