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"Vou fazer muito menos no futuro", diz Elon Musk sobre gastos na política

Após ser um dos principais financiadores de Donald Trump, bilionário afirma em fórum no Catar que “já fez o suficiente” no que diz respeito à contribuição política e pretende frear doações, mas deixa porta aberta para futuras ações

Elon Musk ( JIM WATSON/AFP/Getty Images)

Elon Musk ( JIM WATSON/AFP/Getty Images)

Luciano Pádua
Luciano Pádua

Editor de Macroeconomia

Publicado em 20 de maio de 2025 às 11h56.

O empresário Elon Musk, hoje o homem mais rico do mundo, afirmou que pretende reduzir significativamente seus gastos com política após ter apoiado financeiramente a campanha de Donald Trump em 2024. “Acho que já fiz o suficiente”, disse o bilionário durante entrevista em vídeo no Qatar Economic Forum, realizado nesta terça-feira, 20.

“No que diz respeito a gastos políticos, vou fazer muito menos no futuro”, disse Musk, segundo o Wall Street Journal.

A fala representa uma guinada no comportamento do empresário. Ele foi um dos principais financiadores da campanha do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reeleito no ano passado.

 

“Se eu vir um motivo para fazer gastos políticos no futuro, farei”, disse Musk. “Mas atualmente não vejo um motivo.”

Apesar do tom de encerramento, Musk deixou a porta aberta. Segundo ele, uma mudança no cenário político pode levá-lo a voltar a investir financeiramente em candidatos ou causas. A fala foi recebida como um sinal de cautela após um período em que seu envolvimento direto em debates políticos gerou controvérsias e afetou a percepção pública de suas empresas, como a Tesla e a SpaceX.

Musk muda de postura após protagonismo político

Ao longo do último ciclo eleitoral, Musk usou suas redes sociais, especialmente o X, antigo Twitter — rede da qual é dono —, e o prestígio de sua reputação para amplificar pautas conservadoras e criticar o governo democrata de Joe Biden. Ele foi um dos principais apoiadores, financeira e estrategicamente, da campanha de Trump.

Mais cedo, em entrevista à Bloomberg TV, ele disse que sua participação na política não traz conflitos de interesses. Segundo ele, ele é "apenas um conselheiro no Departamento de Eficiência Governamental (DOGE)" do governo Trump.

“Eu não tenho poder formal. E é isso. O presidente pode escolher seguir meu conselho ou não", afirmou.

No início de maio, Musk admitiu que o DOGE não conseguiu alcançar plenamente seus objetivos originais, após receber duras críticas — inclusive dentro do próprio governo de Donald Trump.

"É uma questão de quanta dor o governo e o Congresso estão dispostos a suportar. Porque é possível fazer, mas exige lidar com muitas reclamações", disse na ocasião a jornalistas.

À frente da DOGE desde janeiro, Musk reconheceu que, até o momento, a comissão cortou 160 bilhões de dólares em gastos federais — muito abaixo da meta inicial de 2 trilhões de dólares.

Com o anúncio no Catar, o bilionário abre uma narrativa de reposicionamento diante de investidores e reguladores, num momento em que enfrenta pressões sobre sua conduta corporativa e o desempenho financeiro de suas companhias.

Ainda não está claro se a redução no financiamento político também se refletirá em menor participação pública em debates partidários.

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