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Na Argentina, cresce pressão para que Milei atualize itens do índice de inflação

Indicador dá peso a telefone fixo e jornal impresso e não inclui assinaturas de streaming

Javier Milei, presidente da Argentina, durante discurso em dezembro (Nicolas Garcia/AFP)

Javier Milei, presidente da Argentina, durante discurso em dezembro (Nicolas Garcia/AFP)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 20 de março de 2025 às 06h00.

A inflação na Argentina caiu mais da metade nos últimos 12 meses, segundo o índice oficial, divulgado pelo Indec, um órgão estatal. No entanto, há questionamentos de que este índice está desatualizado, por conter itens que já não fazem parte da rotina do país.

Entre os itens com peso no índice, estão conta de telefone fixo, jornais impressos e cigarros, aponta uma reportagem da Bloomberg. Com isso, cresce a pressão para que o governo de Milei reveja a composição do indicador e inclua gastos contemporâneos, como assinatura de streaming e compra de celulares.

Além disso, é preciso rever o peso de cada indicador na composição do índice. Atualmente, comida e contas domésticas, como energia, tem um peso mais forte, enquanto gastos com saúde e educação tem menor impacto, o que não reflete os padrões reais de gastos.

O 'tripé' que ajudou Milei a baixar a inflação de 211% na Argentina

Efeitos de uma revisão

A maioria dos economistas, segundo a Bloomberg, espera que uma revisão do indicador revelaria uma inflação mais alta. Os dados mais recentes, de fevereiro, apontaram avanço mensal de 2,5%, e anual de 79,4%.

No entanto, uma alta da inflação poderia gerar problemas a Milei, especialmente em um ano de eleições. Haverá votação para renovar o Congresso em outubro. Além disso, a taxa mais alta levaria a aumentos de salários e de pagamentos de títulos, o que aumentaria gastos públicos.

Milei conseguiu reduzir a inflação ao criar âncoras, como manter o câmbio estável frente ao dólar, fazer um corte profundo de gastos públicos e reduzir a emissão de moeda, entre outras medidas.

Por outro lado, manter o indicador deslocado da realidade pode aumentar as queixas no país de que a redução da inflação não está sendo sentida na vida real. Nesta quarta, por exemplo, houve uma nova rodada de grandes protestos contra o governo em Buenos Aires, contra a alta no custo de vida e as dificuldades econômicas para se viver no país.

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