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Na Turquia, promotor quer condenar com 2.352 anos líder da oposição

O promotor turco Akin Gurlek anunciou a acusação em uma conferência de imprensa, nomeando centenas de outros políticos e os acusando de formação de quadrilha

O prefeito Ekrem Imamoglu, em 31 de março de 2024 em Istambul (AFP)

O prefeito Ekrem Imamoglu, em 31 de março de 2024 em Istambul (AFP)

Publicado em 11 de novembro de 2025 às 15h21.

Akin Gurlek, um promotor do Ministério Público da Turquia, acusou o atualmente detido prefeito de Istambul Ekrem İmamoğlu juntamente de 402 outros nomes de supostamente terem uma vasta organização criminosa que teria custado ao país bilhões de liras, a moeda local. Segundo a emissora local NTV, o Ministério Público pede entre 828 anos e 2.352 anos de prisão para İmamoğlu.

Por meio de propinas, fraudes e manipulação de licitações, Gurlek estima que a organização tenha causado perdas de 160 bilhões de liras, ou cerca de 19 bilhões de reais, ao longo de 10 anos.

İmamoğlu, líder da oposição e o principal rival político do atual presidente Tayyip Erdogan, negou todas as acusações feitas contra ele, dizendo que eram politicamente motivadas, e todo seu partido as condenou como “sem sentido”.

Separadamente, o procurador de Istambul também pediu à Suprema Corte que considerasse o desligamento total do Partido Popular Republicano (CHP) de İmamoğlu. Em uma nota ao Tribunal de Cassação, pedindo o fechamento do CHP, o escritório da procuradoria alega que o partido era financiado por “fundos ilícitos” e que suas transações constituíam “atos proibidos.”

Em um documento de mais de 4.000 páginas, verificado pela Reuters, Gurlek cita descobertas pela Administração de Investigação de Crimes Financeiros do país (MASAK), com evidências digitais e em vídeo de propina e chantagem, e também inclui uma tabela organizacional com İmamoğlu como fundador e líder do grupo.

Oposição alega motivação política

O líder do CHP Ozgur Ozel disse que as acusações eram “totalmente políticas” e apenas alvejavam o prefeito de Istambul porque ele seria o candidato presidencial do partido. "Isto não é uma acusação formal, mas sim um memorando com motivações políticas dos golpistas", disse Ozel, que repetidamente classificou a repressão ao CHP como um "golpe".

Além disso, Ozel disse que o movimento buscava permitir interferência judicial nas eleições futuras, na democracia turca e no CHP, que é o partido de Mustafa Kemal Ataturk, o fundador da Turquia moderna.

İmamoğlu esteve detido desde março devido a acusações de corrupção, e recebeu uma sentença paralela por ter insultado e ameaçado o promotor-chefe de Istambul, veredito que apela. O governo da Turquia nega que as acusações contra İmamoğlu e seu partido sejam politicamente motivadas, e afirma que as cortes da Turquia são independentes.

Em entrevista à Reuters, Wolfgango Piccoli, copresidente da firma de consultoria Teneo que as acusações poderiam ter “implicações políticas e constitucionais profundas”, incluindo a possibilidade do governo apontar um administrador para governar Istambul.

“Tal medida transferiria efetivamente o controle da maior e mais importante cidade econômica da Turquia para o governo central, privando a oposição de sua ferramenta de influência política mais importante”, disse ele.

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