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Na véspera de tarifa sobre aço e alumínio, governo prega cautela e espera decisão formal dos EUA

A coordenação dos trabalhos para eventuais retaliações e decisões governamentais passará prioritariamente pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic)

Esplanada dos Ministérios: governo ainda avalia que negociação, com definição de cotas de exportação, pode reverter tarifas de Trump (Leandro Fonseca)

Esplanada dos Ministérios: governo ainda avalia que negociação, com definição de cotas de exportação, pode reverter tarifas de Trump (Leandro Fonseca)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 11 de março de 2025 às 20h17.

Na eminência de o aço e o alumínio brasileiro serem taxados em 25% pelos Estados Unidos, técnicos do governo brasileiro que acompanham as discussões sobre o assunto voltaram a pregar cautela. Responsável por coordenar essa pauta, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) informou que não se pronunciaria até o assunto nesta terça-feira,11.

Reservadamente, técnicos da pasta afirmaram à EXAME que o ministro e vice-presidente, Geraldo Alckmin, tratará do assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda nesta terça, ao retornarem para Brasília após participarem de um evento em uma fábrica da Gerdau, em Minas Gerais.

Os dois aguardam que o governo dos Estados Unidos se manifeste oficialmente sobre o assunto nesta quarta-feira, 12. Ainda não há clareza se Trump manterá a decisão ou sinalizará para negociações.

Uma nova reunião entre os dois, também contará com a presença do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, deve ocorrer também nesta quarta.

Empresários brasileiros pedem cautela ao governo

Nas conversas com empresários brasileiros do setor de aço e alumínio, o governo tem ouvido pedidos de cautela para que eventuais retaliações do Palácio do Planalto não azedem as relações comerciais entre os dois países.

Os empresários brasileiros, relataram técnicos do governo, têm sinalizado que as companhias norte-americanas são contra a taxação dos produtos e buscam reverter a decisão do presidente Donald Trump para evitar um encarecimento das obras na maior economia do mundo.

A avaliação é de que o "tarifaço" de Trump provocará mais inflação. 

Governo defende cotas de exportação

A ideia debatida no governo é encontrar uma solução que pode ser semelhante à adotada em 2018, quando Trump anunciou medidas semelhantes.

No primeiro mandato, o republicano também anunciou tarifas de 25% sobre aço e de 10% sobre alumínio. A medida, contudo, nunca chegou a funcionar com força total. Canadá e México foram isentos da taxa por estarem dentro do acordo de livre comércio da USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá).

Outros países, como Brasil, Argentina, Coreia do Sul e Austrália, entraram em um sistema de cotas que, quando excedidas, resultam em sobretaxas.

O Mdic tem argumentado que Brasil e Estados Unidos têm uma corrente de comércio de cerca de US$ 80 bilhões, com um superávit de US$ 200 milhões para os americanos. Além disso, dos dez produtos que o país mais importa dos Estados Unidos, em oito deles a tarifa é zero.

Além disso, nos demais casos, a tarifa média ponderada efetivamente recolhida é de 2,73%, bem abaixo do que sugerem as tarifas nominais.

A pasta ainda tem afirmado que o Brasil responde pelo sétimo maior superávit comercial de bens dos Estados Unidos. Se somados bens e serviços, o superávit comercial dos Estados Unidos como Brasil supera os US$ 25 bilhões.

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