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'Não há nenhuma reunião prevista' entre Putin e Zelensky até que agenda seja acordada, diz chanceler

Trata-se da declaração mais direta do Kremlin, até o momento, de que o encontro que a Casa Branca havia dito ser iminente ainda está longe de se concretizar

Agência o Globo
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Publicado em 22 de agosto de 2025 às 13h22.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou nesta sexta-feira que "não há nenhuma reunião prevista" entre o presidente russo, Vladimir Putin, e seu homólogo da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, apesar das tentativas de Donald Trump de organizar uma cúpula. Trata-se da declaração mais direta do Kremlin, até o momento, de que o encontro que a Casa Branca havia dito ser iminente ainda está longe de se concretizar.

— Não há nenhuma reunião prevista — afirmou Lavrov em entrevista ao canal americano NBC News. Ele acrescentou que Putin "está disposto a se reunir com Zelensky quando uma agenda para a cúpula estiver pronta. — Esta agenda não está nada pronta.

Na entrevista, o chanceler disse que Putin deixou claro que estava pronto para se encontrar com Zelensky para discutir um possível acordo para acabar com a guerra na Ucrânia, desde que houvesse uma agenda adequada para tal sessão.

Também nesta sexta, Zelensky, por sua vez, afirmou que o Kremlin estava fazendo tudo o que podia para garantir que um encontro entre ele e Putin não acontecesse. Ele, então, pediu aos aliados da Ucrânia que aplicassem novas sanções a Moscou caso o país não demonstrasse desejo de encerrar a guerra.

Trump gerou expectativas sobre a reunião entre os líderes ao afirmar que eles haviam concordado em se encontrar, após a visita de Zelensky à Casa Branca na última segunda-feira. Na Fox News, o presidente americano disse que estava trabalhando para organizar o encontro porque os líderes podem estar "se dando um pouco melhor do que eu imaginava".

Lavrov criticou a reunião na Casa Branca e acusou os governantes europeus de tentarem influenciar Trump de forma "torpe" para mudar sua posição sobre a Ucrânia, estabelecida com Putin em um encontro de cúpula no Alasca na semana passada.

O chanceler russo declarou que Washington deseja que os beligerantes aceitem vários "princípios", incluindo a garantia de que a Ucrânia não entrará para a Otan e a discussão sobre questões territoriais.

— Ele (Trump) indicou claramente que há vários princípios que Washington acredita que devem ser aceitos, incluindo a não adesão da Ucrânia à Otan e a discussão de questões territoriais, mas Zelenskiy disse não a tudo — disse Lavrov. — Ele até disse não ao cancelamento da legislação que proíbe o uso da língua russa. Como podemos nos encontrar com alguém que finge ser um líder?

Pressão de Trump

Trump prometeu que, ao retornar à Casa Branca em janeiro deste ano, conseguiria acabar rapidamente com o conflito na Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022. No entanto, até o momento, não registrou avanços importantes.

No mês passado, Trump, em uma de suas tentativas por um acordo entre os países, impôs um prazo até 8 de agosto para que Putin concordasse com o fim da guerra ou enfrentaria novas sanções. Mas, em vez disso, concordou em se encontrar com o líder do Kremlin em uma cúpula no Alasca na última sexta-feira.

Diante da pressão da Casa Branca, tanto a Rússia quanto a Ucrânia estão tentando mostrar a Donald Trump que estão prontas para tentar fechar um acordo de paz.

Lavrov, inclusive, disse que a Rússia concordou em mostrar flexibilidade em uma série de questões levantadas por Trump na cúpula do Alasca, mas acusou a Ucrânia de não mostrar a mesma abertura nas negociações.

Acordos por um cessar-fogo

Putin quer que a Ucrânia desista de toda a região oriental de Donbass, renuncie às ambições de se juntar à Otan, permaneça neutra e mantenha as tropas ocidentais fora do país.

Já Zelensky afirmou que exigirá de seus aliados ao menos a definição de um plano de garantias de segurança contra uma nova invasão da Rússia. A declaração, feita dias após uma reunião com líderes ocidentais na Casa Branca, põe em xeque o plano de Trump de obter um acordo rápido para a guerra na Ucrânia, uma ideia que já enfrentava resistências em Moscou. A Rússia, por sua vez, disse ser “inaceitável” a presença de forças estrangeiras no país vizinho, uma das possiblidades discutidas no encontro.

Trump parece ter atendido às demandas da Rússia ao abandonar a pressão por um cessar-fogo imediato, e quer que a Ucrânia concorde com a cessão de parte de seu território. Além disso, o republicano sepultou qualquer chance do país fazer parte da Otan, a principal aliança militar do Ocidente, como quer Putin.

Neste cenário, as garantias de segurança parecem ser, ao lado do fim dos combates e da promessa de ajuda na reconstrução, uma das poucas coisas positivas que Kiev pode retirar de um acordo de paz.

(Com AFP e The New York Times)

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