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Netanyahu diz ter recomendado Trump para Nobel da Paz durante encontro na Casa Branca

Primeiro-ministro israelense aproveita visita para fortalecer laços com Trump, enquanto pressionam por um cessar-fogo em Gaza

Trump e Netanyahu durante encontro na Casa Branca (Andrew Harnik / Equipe/Getty Images)

Trump e Netanyahu durante encontro na Casa Branca (Andrew Harnik / Equipe/Getty Images)

Publicado em 7 de julho de 2025 às 21h35.

Última atualização em 7 de julho de 2025 às 21h38.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, surpreendeu o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante um jantar na Casa Branca, nesta segunda-feira, ao revelar que o havia indicado para o Prêmio Nobel da Paz. "Ele está forjando a paz enquanto falamos", afirmou Netanyahu, destacando os esforços de Trump em diversas regiões do mundo. "Quero apresentar a você, senhor presidente, a carta que enviei ao Comitê Nobel, nominando você para o Prêmio da Paz, que é muito merecido, e você deveria recebê-lo."

Esta não é a primeira vez que um líder estrangeiro indica Trump para o prêmio. No mês anterior, o Paquistão também anunciou que faria uma indicação semelhante.

O encontro entre os dois líderes ocorre em um momento de crescente pressão internacional para que Israel cesse as hostilidades em Gaza. Desde o ataque de Hamas a Israel em outubro de 2023, a guerra tem causado grande devastação, com mais de 56.000 palestinos mortos, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas. Organizações humanitárias alertam para o risco de fome em Gaza, onde vivem cerca de 2 milhões de pessoas.

Netanyahu, que já visitou a Casa Branca duas vezes desde que Trump assumiu a presidência, aproveitou a visita para alinhar ainda mais a relação com o mandatário americano. Trump, por sua vez, reforçou a ideia de que um cessar-fogo no território palestino poderia estar "próximo". Além disso, Trump revelou um plano de 60 dias para uma pausa no combate, com a promessa da liberação de alguns reféns mantidos pelo Hamas.

Em relação à guerra com o Irã, os dois líderes também celebraram os recentes sucessos, como os ataques a instalações nucleares iranianas. Trump afirmou que os alvos estavam "obliterados", embora os danos ainda estejam sendo avaliados. Com a perspectiva de um acordo com Teerã, o presidente norte-americano antecipou uma reunião com representantes iranianos para esta semana.

Como funciona o Nobel da Paz?

O Prêmio Nobel da Paz, concedido anualmente pelo Comitê Nobel da Noruega, é um dos mais prestigiados reconhecimentos no mundo. Mas o caminho até ele é rigoroso. De acordo com o testamento de Alfred Nobel, o prêmio é destinado àqueles que fizerem "a maior ou a melhor contribuição para a fraternidade entre as nações, a redução de exércitos ou a promoção de congressos pela paz". Com o tempo, a premiação também passou a incluir esforços em prol dos direitos humanos e da proteção ambiental, mas o princípio fundamental de promover a paz e a não-violência permanece o mesmo.

Para ser considerado para o prêmio, o candidato deve ser indicado por uma pessoa qualificada. Isso inclui membros de assembleias nacionais, governos, chefes de Estado, professores universitários de áreas como história e ciências sociais, diretores de institutos de pesquisa em paz ou política externa, laureados anteriores do prêmio, entre outros. A autoindicação não é permitida.

O processo começa com a abertura das nomeações até 31 de janeiro de cada ano. Após a análise das indicações, o Comitê Nobel faz uma seleção inicial e consulta especialistas internacionais. O vencedor é escolhido por votação majoritária até o início de outubro, e a decisão é final. O nome do laureado é anunciado em outubro, e a cerimônia de premiação ocorre em 10 de dezembro, data de falecimento de Alfred Nobel.

Além disso, o nome dos indicados e dos indicantes é mantido em segredo por 50 anos. Apenas indivíduos vivos e organizações ativas são elegíveis para o prêmio, e não são concedidos prêmios póstumos. O Comitê busca premiar candidatos cujas ações tenham impacto global, não restrito a uma área local ou nacional.

Algum presidente já ganhou o Nobel da Paz?

Ao longo da história, diversos presidentes foram laureados com o Prêmio Nobel da Paz devido a suas contribuições significativas para a paz mundial, a resolução de conflitos ou a defesa dos direitos humanos. Abaixo estão alguns dos mais notáveis exemplos de presidentes que receberam esse prestigiado prêmio:

  • Theodore Roosevelt (Estados Unidos, 1906) - por seu papel na mediação da paz na Guerra Russo-Japonesa.

  • Woodrow Wilson (Estados Unidos, 1919) - pela criação da Liga das Nações após a Primeira Guerra Mundial.

  • Hjalmar Branting (Suécia, 1921) - por seu trabalho pela paz e pela cooperação internacional.

  • Jimmy Carter (Estados Unidos, 2002) - por seus esforços para resolver conflitos internacionais e promover os direitos humanos.

  • Barack Obama (Estados Unidos, 2009) - pelos esforços diplomáticos e pela promoção da cooperação internacional.

  • Juan Manuel Santos (Colômbia, 2016) - pelo acordo de paz com as FARC, encerrando décadas de conflito armado.

  • Nelson Mandela (África do Sul, 1993) - pelo fim pacífico do apartheid e pela transição para uma democracia multirracial.

  • Frederik Willem de Klerk (África do Sul, 1993) - pelo mesmo trabalho de Mandela, no fim do apartheid.

  • Ellen Johnson Sirleaf (Libéria, 2011) - pela luta não violenta pela segurança e pelos direitos das mulheres.

  • Kim Dae-jung (Coreia do Sul, 2000) - pela promoção da democracia e pela reconciliação com a Coreia do Norte.

  • Lech Wałęsa (Polônia, 1983) - pela liderança no movimento Solidariedade e pela transição democrática.

  • Shimon Peres (Israel, 1994) - pelos Acordos de Paz de Oslo.

  • José Ramos-Horta (Timor-Leste, 1996) - pelos esforços pela independência e paz em Timor-Leste.

  • Mikhail Gorbachev (União Soviética, 1990) - pelo papel no fim da Guerra Fria e nas reformas democráticas.

  • Aung San Suu Kyi (Myanmar, 1991) - pela luta não violenta pela democracia e pelos direitos humanos.

  • Yasser Arafat (Palestina, 1994) - pelos Acordos de Paz de Oslo.

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