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Nº 2 da diplomacia dos EUA recebe empresários brasileiros e diz que tarifaço tem questão política

Relato da reunião foi feito pelo presidente da CNI, que integra a comitiva empresarial que foi a Washington tentar abrir canais de diálogo

Agência o Globo
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Publicado em 3 de setembro de 2025 às 22h50.

Integrantes de uma missão empresarial brasileira que está em Washington desde o início desta semana, para tentar abrir canais de diálogo com o governo dos EUA, foram recebidos hoje pelo vice-secretário de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau.

Os empresários tentam reverter o tarifaço de 50% imposto pelo presidente americano Donald Trump sobre produtos brasileiros exportados para os EUA e evitar novas medidas protecionistas da Casa Branca contra o Brasil.

Segundo relato do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, Landau afirmou que o impasse com o Brasil tem uma questão política, inédita tanto para o Brasil como para os EUA. Ele recomendou que os brasileiros busquem um diálogo voltado para a política, não exatamente focado no aspecto comercial, como vem tentando fazer o governo brasileiro.

O subsecretário de Estado americano costuma criticar o governo e o Judiciário brasileiros, assim como o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que neste momento está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Ele repete os argumentos do secretário de Estado, Marco Rubio, e do próprio presidente americano.

Questão é política, disse secretário

Ao anunciar uma sobretaxa de 50% sobre produtos do Brasil, Trump disse que uma das justificativas para a medida é o processo contra Bolsonaro, com quem tem afinidade política. Porém, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou que não aceita interferência em assuntos internos e que o Judiciário é um Poder separado do Executivo no Brasil.

— Logo de imediato o secretário Landau colocou muito abertamente que a principal questão diz respeito à característica política do problema, que é algo inédito para eles, algo inédito para nós, e que precisamos conduzir sob um prisma de encontrar caminhos no setor político — disse Alban.

Segundo o presidente da CNI, "de forma muito honesta", foi colocado a Landau que não é da competência dos empresários brasileiros discutirem essa questão. Ele relatou ter afirmado que, se for chamado, o setor privado brasileiro estará à disposição para encontrar soluções e convergências no campo econômico.

Ainda de acordo com Ricardo Alban, Landau informou que, devido ao teor político da questão, o assunto está sendo tratado pelo Departamento de Estado, ou seja, pela diplomacia americana. O titular do cargo, Marco Rubio, estava em viagem ao México quando a reunião ocorreu.

— O Departamento de Estado é responsável por essa negociação, justamente por essa condicionante política que está envolvida no processo — disse Alban.

Na última terça-feira, os membros da comitiva que viajou aos EUA se reuniram com a embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti. Nesta quarta-feira, estiveram com congressistas americanos e foram representados pelo consultor da CNI, Roberto Azevêdo, em uma audiência pública relativa a uma investigação conduzida pelo Escritório do Representante de Comércio (USTR) sobre suspeita de práticas comerciais desleais pelo Brasil.

O processo envolve temas distintos, como desmatamento, tarifas preferenciais em acordos comerciais com outros países, corrupção e meios de pagamento como o Pix.

Azevêdo, que foi diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), assegurou que o Brasil respeita as normas internacionais e não prejudicam a economia dos EUA. Também participou da audiência pública a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que defendeu o agronegócio brasileiro.

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