Fábrica de carros da Hyundai com robôs em Beijing (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 25 de setembro de 2025 às 16h37.
Última atualização em 25 de setembro de 2025 às 16h49.
Mais de 2 milhões de robôs operam atualmente nas fábricas chinesas, superando o número total de robôs industriais em funcionamento em todos os outros países do mundo combinados. Os dados recentes da Federação Internacional de Robótica mostram que a China é o novo líder mundial em robótica industrial.
Apenas no ano passado, empresas chinesas instalaram quase 300 mil novos robôs, mais que o resto do mundo inteiro. Nos Estados Unidos, esse número foi de 34 mil no mesmo período.
O crescimento do setor na China não segue uma tendência de décadas. Diferentemente do Japão, o segundo maior país em robótica industrial e detentor de décadas de tradição na atividade, o gigante asiático transformou radicalmente suas fábricas nos últimos anos.
Em 2015, quando Pequim lançou a campanha "Made in China 2025", o país importava mais robôs do que produzia. Com a campanha, o governo estabeleceu a robótica como uma das dez indústrias prioritárias para que a China se tornasse globalmente competitiva. Para isso, forneceu acesso a empréstimos de bancos estatais com juros baixos e injeções diretas de dinheiro público.
Hoje, quase três quintos dos robôs instalados em território chinês saem de fábricas locais.
A participação da China na fabricação mundial de robôs saltou para um terço da oferta global no último ano, ante um quarto em 2023. Enquanto isso, o antigo líder Japão viu sua fatia de mercado encolher de 38% para 29%.
Houve dois saltos importantes na instalação de robôs em fábricas chinesas: entre 2016 e 2017, com um aumento de 60 mil robôs, e de 2020 a 2021, com outro aumento de quase 100 mil.
Desde 2021, aliás, todos os anos a China instala pelo menos 250 mil novos robôs. Em 2024, o restante do mundo, somado, fez a instalação de 247 mil robôs, enquanto o número da indústria chinesa foi de 295 mil.
O diferencial chinês está na integração com inteligência artificial. Câmeras de alta resolução fotografam cada veículo no fim da linha de montagem. Computadores comparam as imagens com um banco de dados de carros montados, identificando problemas em segundos.
A China, no início de 2025, já era responsável pela produção de um terço de todos os bens industrializados do mundo. Essa revolução robótica está dando ao país uma vantagem crucial nas disputas comerciais globais.
Com custos menores e qualidade aprimorada, as fábricas conseguem manter preços competitivos mesmo diante das altas tarifas americanas e das novas barreiras da União Europeia.
Ainda há limitações. Empresas chinesas ficam atrás na fabricação de componentes-chave para robôs humanoides, como sensores e semicondutores especializados. Esse relativo atraso tecnológico pode representar um problema conforme o setor evolui.