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Novo presidente da Bolívia diz que país está 'devastado' e promete reação

Em discurso de posse, Rodrigo Paz acusou ex-presidentes de deixarem uma economia 'quebrada', com escassez de combustíveis e inflação alta

Rodrigo Paz: novo presidente da Bolívia tomou posse neste sábado, 8 (LUIS GANDARILLAS/AFP)

Rodrigo Paz: novo presidente da Bolívia tomou posse neste sábado, 8 (LUIS GANDARILLAS/AFP)

Publicado em 8 de novembro de 2025 às 16h18.

O presidente da Bolívia, Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), afirmou neste sábado, 8, que o país que assume “está devastado” e que o governo anterior deixou uma “economia quebrada”, marcada por escassez, inflação e endividamento. Segundo ele, as reservas internacionais estão no nível mais baixo em 30 anos.

"Nós somos o presente e o futuro e vamos superar esse passado de desgraça e de indignidade que foi gerado para todos os bolivianos", disse Paz.

As declarações foram feitas durante seu discurso de posse, em La Paz, diante de parlamentares e delegações internacionais. O Brasil foi representado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.

Paz disse que a Bolívia enfrenta a pior crise das últimas quatro décadas e que o Estado foi deixado “paralisado”, com “filas intermináveis” por combustível, “mercados vazios” e “salários que não chegam”.

O novo presidente também acusou os governantes anteriores de deixarem “buracos financeiros impossíveis de justificar” e de transformar a corrupção “em sistema” e a mentira “em política de Estado”.

'Onde está o gás? Onde está o lítio?'

O político afirmou ainda que os ex-presidentes Evo Morales e Luis Arce, ambos do Movimento ao Socialismo (MAS), “mentiram” sobre a abundância de recursos naturais do país. Durante o discurso, Paz questionou publicamente: “Onde está o gás? Onde está o lítio?”, em referência às promessas de riqueza energética feitas por seus antecessores.

Ele recordou que o governo de Morales havia anunciado em 2019 a descoberta de um “mar de gás” no poço Boyuy X-2, que depois foi declarado “não comercial”. Também criticou os contratos firmados por Arce com empresas da China e da Rússia para a exploração de lítio, avaliados em US$ 2 bilhões, que não chegaram a ser executados.

"A ideologia não te dá o que comer, o que te dá o que comer é o emprego, a produção, o crescimento, o respeito à propriedade privada, a segurança cidadã e jurídica", destacou Paz em seu discurso.

O político afirmou ainda que o país foi deixado com uma dívida de US$ 40 bilhões, e declarou que a Bolívia vive uma “escassez energética que afeta cada família” pela falta de diesel e gasolina.

Segundo o presidente, caminhões-tanque com combustíveis começaram a entrar no país desde a noite anterior à sua posse para aliviar a crise. Durante a transmissão televisiva, a tela foi dividida para mostrar, de um lado, o discurso de Paz, e do outro, as imagens da chegada dos veículos,

Quem é Rodrigo Paz?

Aos 58 anos, Paz se apresenta como um reformista moderado. Nascido na Galícia, na Espanha, em 1967, durante o exílio de seu pai, o ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993), viveu em dez países antes de chegar à Bolívia aos 15 anos.

Formado em Relações Internacionais, com mestrado em Gestão Pública pela American University, em Washington, Paz iniciou sua carreira política aos 32 anos como deputado por Tarija. Desde então, foi deputado, prefeito de Tarija e, depois, senador.

Filho de um dos principais líderes do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), partido que migrou da esquerda para a centro-direita, Paz passou por diferentes siglas até chegar ao PDC.

'Capitalismo para todos'

A chegada de Paz ao poder encerra o ciclo do MAS, que governou o país por duas décadas sob as gestões de Evo Morales (2006–2019) e Luis Arce (2020–2025), ambos ausentes na posse.

Entre suas promessas de campanha estão implantar um modelo de “capitalismo para todos”, com créditos baratos para empreendedores, redução de impostos e tarifas menores para importação de tecnologia e veículos, além de eliminar o que chama de “Estado-obstáculo”.

O novo presidente afirmou ainda que pretende “abrir a Bolívia ao mundo”, com exceção de nações “que não têm democracia” — motivo pelo qual Venezuela, Cuba e Nicarágua não enviaram representantes à cerimônia.

A posse contou com a presença de presidentes da América do Sul, como Javier Milei (Argentina), Gabriel Boric (Chile), Daniel Noboa (Equador), Santiago Peña (Paraguai) e Yamandú Orsi (Uruguai).

Os Estados Unidos foram representados pelo subsecretário de Estado Christopher Landau. A China enviou o ministro de Recursos Hídricos, Li Gouying, como representante do presidente Xi Jinping.

*Com informações de EFE

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