Faixa de Gaza: quase 60 mil palestinos mortos (Saeed M. M. T. Jaras/Anadolu via Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 29 de julho de 2025 às 07h45.
A "pior situação de fome está em curso na Faixa de Gaza" devido à intensificação dos combates, aos deslocamentos em massa e às restrições à ajuda humanitária, alertou o relatório IPC (Classificação Integrada da Segurança Alimentar) publicado nesta terça-feira.
A crise humanitária no território palestino devastado por 22 meses de guerra "atingiu um ponto alarmante e letal", destacou o relatório, elaborado por ONGs, instituições e agências especializadas da ONU.
O lançamento aéreo de mantimentos, recentemente autorizado por Israel, “não será suficiente para reverter a catástrofe humanitária”, alerta o documento, que observa que o uso de paraquedas para entrega de ajuda é mais caro, menos eficaz e mais perigoso do que os envios por via terrestre.
Em maio passado, o consórcio classificou 1,95 milhão de habitantes da Faixa de Gaza (93% da população total) em situação de “crise”, dos quais 925 mil enfrentavam uma condição de “emergência” e 244 mil viviam uma situação de “catástrofe”.
O relatório informa que uma nova análise dos números está em andamento.
Este alerta do IPC coincide com o momento em que a ONU advertiu contra o uso da fome como arma de guerra e com o aumento da pressão internacional sobre Israel para pôr fim ao bloqueio total imposto à Gaza desde março.
“Os dados mais recentes indicam que os limiares de fome foram atingidos (...) na maior parte da Faixa de Gaza”, segundo o relatório, que acrescenta: “uma em cada três pessoas passa vários dias sem comer absolutamente nada”.
“Mais de 20 mil crianças foram atendidas por desnutrição aguda entre abril e meados de julho, das quais mais de 3 mil sofrem de desnutrição severa. Hospitais relataram um aumento rápido nas mortes ligadas à fome entre crianças com menos de cinco anos, com pelo menos 16 mortes registradas desde 17 de julho”, acrescenta o documento.
“É necessária uma ação imediata e em larga escala para pôr fim às hostilidades e permitir o acesso humanitário sem restrições”, argumentou o consórcio. “Não agir agora implicará em mortes em massa em grande parte da Faixa de Gaza.”
O exército israelense anunciou no domingo uma pausa limitada em sua ofensiva na Faixa de Gaza, onde agências internacionais voltaram a distribuir ajuda humanitária pela primeira vez em meses.
No entanto, Israel manteve suas operações militares fora dos horários e das áreas cobertas pela “pausa tática” diária, das 10h às 20h (07h às 17h GMT).
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento islamista palestino Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023.
A ação deixou 1.219 mortos em Israel, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais.
A ofensiva de retaliação israelense já provocou pelo menos 59.921 mortes na Faixa de Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino governado pelo Hamas. Esses números são considerados confiáveis pela ONU.