Nasceu como hashtag, cresceu como revolta. O “No Kings” se espalha pelas ruas e redes em protesto contra o autoritarismo de Donald Trump. (Getty Images)
Colaboradora
Publicado em 18 de outubro de 2025 às 16h30.
Última atualização em 18 de outubro de 2025 às 18h13.
Milhares de manifestantes tomaram as ruas neste sábado (18/10) de mais de 50 cidades dos Estados Unidos, e também em capitais europeias e no Canadá, sob a bandeira do movimento No Kings (Sem Reis, em tradução livre).
Os protestos “No Kings” (em tradução livre, “Sem Reis”) surgiu como uma resposta direta à crescente concentração de poder no Executivo americano e às atitudes consideradas autoritárias do governo de Donald Trump. O nome remete à ideia de que “os Estados Unidos não têm reis”, reafirmando o princípio de uma república fundada na igualdade e na limitação do poder.
Criado em meados de 2025 por uma coalizão de grupos progressistas e organizações cívicas, o protesto “No Kings” rapidamente ganhou escala nacional, transformando-se em uma das maiores mobilizações políticas da década. Suas manifestações têm caráter pacífico, foco em defesa da democracia e um forte apelo simbólico contra o personalismo político.
O primeiro grande dia de manifestações ocorreu em 14 de junho de 2025, data que coincidiu com o aniversário de Trump e com o desfile militar do Exército americano em Washington. Mais de 2 mil manifestações simultâneas foram registradas em todo o país, reunindo milhões de pessoas.
Desde então, o "No Kings" se consolidou como uma frente unificada de oposição democrática. Grupos organizadores oferecem treinamentos de segurança, estratégias de comunicação e planos de mobilização local, criando uma estrutura descentralizada, semelhante à dos movimentos Occupy Wall Street e Black Lives Matter.
Os organizadores dos protestos “No Kings” afirmam lutar contra o que chamam de “erosão das normas democráticas” nos Estados Unidos. Entre os principais pontos levantados estão:
o uso político de forças federais;
o enfraquecimento do Congresso e do Judiciário;
ataques a instituições de imprensa e minorias;
e a expansão dos poderes presidenciais sem supervisão adequada.
O lema “No Kings” sintetiza o propósito: impedir que qualquer líder, independente de partido, ultrapasse os limites democráticos previstos pela Constituição americana.
No dia 18 de outubro de 2025, mais de 2.600 protestos "No Kings" ocorreram simultaneamente em todos os 50 estados norte-americanos. Em Washington, a multidão se concentrou na Avenida Pensilvânia, enquanto em Nova York o comício na Union Square reuniu milhares de pessoas com faixas que diziam “Democracy, Not Monarchy” (“Democracia, não Monarquia”).
Manifestações também ocorreram fora dos EUA, com destaque para atos em Madri, Paris, Berlim, Lisboa e Roma, organizados principalmente por imigrantes americanos e simpatizantes do movimento.
Além dessa, o protesto desse sábado (18) também ficou marcado como um dos maiores da organização. Confira imagens:
WOW! Protesters created a HUGE human sign on San Francisco’s Ocean Beach reading “No Kings YES on 50” to support California’s Prop 50 and stand up against Donald Trump’s fascist regime pic.twitter.com/NbUnQk6ZZB
— Marco Foster (@MarcoFoster_) October 18, 2025
Líderes republicanos classificaram os protestos "No Kings" como “antipatrióticos”, enquanto setores democratas e independentes os veem como uma demonstração de resistência civil legítima. Analistas políticos apontam que o “No Kings” representa uma nova fase da mobilização popular americana, marcada por redes digitais, descentralização e foco em direitos democráticos fundamentais.
Mesmo longe de Washington, o ex-presidente Trump ironizou o movimento e afirmou que as manifestações “não refletem o verdadeiro espírito americano”. Especialistas em ciência política, porém, afirmam que o “No Kings” pode se tornar uma força relevante na eleição presidencial de 2026, caso consiga manter coesão e capilaridade.
O “No Kings” consolidou-se como símbolo da resistência civil e da vigilância democrática nos Estados Unidos. Ao reunir milhões de pessoas em torno de uma pauta comum — a defesa do equilíbrio entre os poderes —, o movimento evidencia um momento de polarização política e debate sobre os limites do Executivo em democracias consolidadas.