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O que pensam os assessores de Romney para relações com Brasil

Pré-candidato republicano tem em seu time de políticas internacionais dois ex-embaixadores que serviram no Brasil e podem ajudar a moldar relações com o país

Seu rótulo de moderado é uma deficiência em uma campanha republicana que pende para a direita (Jewel Samad/AFP)

Seu rótulo de moderado é uma deficiência em uma campanha republicana que pende para a direita (Jewel Samad/AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2012 às 08h40.

São Paulo – Com a segunda vitória nas eleições primárias que definirão o candidato republicano à Casa Branca, Mitt Romney se configura como favorito para enfrentar Barack Obama nas eleições de outubro, nos Estados Unidos.

Mas o que uma eventual vitória de Romney significaria para o Brasil? É difícil prever, já que o pré-candidato não entrou em detalhes sobre as futuras políticas em relação ao país.

Em um documento divulgado em outubro passado, Romney detalhou seus planos para as políticas internacionais, caso assuma a Casa Branca.

Apesar de sinalizar o interesse em “oportunidades econômicas” na América Latina, o documento não menciona a maior economia latino-americana – e a sexta maior do mundo – nenhuma vez, se estendendo mais nas críticas aos modelos “falidos” de Cuba e da Venezuela.

Embora tenha passado batido pelo Brasil até agora, o pré-candidato republicano tem pelo menos dois aliados em seu time que podem ser de fundamental importância caso resolva investir nas relações com o país.

Entre os 22 assessores que Romney recrutou para ajuda-lo a definir suas propostas para políticas internacionais, estão John Danilovich e Clifford Sobel, dois ex-embaixadores que serviram no Brasil.

“Refúgio de canalhas”

Danilovich, que ocupou o cargo entre junho de 2004 e novembro de 2005, compartilhou opiniões pouco elogiosas sobre os políticos brasileiros em telegramas enviados ao governo americano, que vazaram através da WikiLeaks.

Ao comentar a cassação do ex-deputado distrital Carlos Xavier, acusado de assassinato, o então embaixador chamou a Câmara Legislativa do Distrito Federal de “um refúgio de canalhas”, que abrigava “meia dúzia de suspeitos de vários crimes” entre seus 24 integrantes. 


Danilovich disse ainda que a punição a Xavier – “um trapaceiro a menos na galeria” – teria despertado apreensão na Câmara, já que outros deputados temiam o mesmo desfecho do colega. 

No telegrama, ele lista outros políticos suspeitos de corrupção e destaca a baixa qualidade dos trabalhos na assembleia, ironizando debates que despertaram a atenção dos deputados durante meses, como a criação de banheiros para homossexuais e a implantação de uma lagoa de pesca para desempregados buscarem o jantar. 

Em uma entrevista à revista Isto É Dinheiro, em 2004, elogiou a atuação do presidente Lula pelo incentivo à vinda de empresas americanas para o país e chamou o Brasil de “um farol de guia para os cidadãos dos países em desenvolvimento”.

“Desfile de escândalos”

Clifford Sobel, que serviu no Brasil entre 2006 e 2009, também teve suas impressões sobre o país reveladas pelos telegramas vazados pela WikiLeaks.

Em entrevista à Revista PIB, em 2009, disse que o Brasil “se transformou” nos três anos em que viveu no país, tornando-se “um líder de importância regional e global indiscutível”. Sobel atribui esta conquista ao carisma do presidente Lula. “Pessoas do mundo inteiro ficaram mais interessadas no Brasil por causa dele”, disse na época.

Já nos telegramas enviados à Casa Branca, o tom do ex-embaixador é menos ameno. Em um deles, Sobel ressalta a baixa eficácia da justiça brasileira e impunidade diante das frequentes denúncias de corrupção. “O desfile constante de escândalos de corrução envolvendo agentes do governo e políticos, geralmente acabando em impunidade, resulta de fatores que perpetuam o status quo, incluindo instituições fracas, o status especial de políticos e o comportamento eleitoral”, diz o diplomata em um dos telegramas.

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