Agência de notícias
Publicado em 24 de maio de 2025 às 10h04.
Uma caçada humana tomou conta de Nova Orleans desde que dez detentos realizaram uma fuga ousada de uma prisão na semana passada — uma das maiores do tipo na história da Louisiana.
As autoridades já recapturaram cinco dos fugitivos, mas outros cinco continuam foragidos. Um funcionário de manutenção foi acusado na terça-feira de ter ajudado na fuga, reforçando a suspeita dos investigadores de que os detentos contaram com ajuda interna em meio a falhas de segurança.
Duas mulheres também foram acusadas na quarta-feira de ajudar os fugitivos enquanto estavam em fuga.
Segundo as autoridades, os dez detentos escaparam do Centro de Justiça da Paróquia de Orleans por volta da 1h da manhã de sexta-feira.
Eles removeram o vaso sanitário e a pia de uma cela onde o fornecimento de água havia sido desligado, cortaram barras de aço e saíram por um buraco retangular na parede. Deixaram para trás uma provocação rabiscada com erro de ortografia na parede: “to easy LOL” (deveria ser “too easy”, “muito fácil”, em português).
Depois de passarem pelo buraco, os detentos saíram da prisão pelo setor de carga, tiraram os uniformes, escalaram o muro ao redor do presídio e correram pela rodovia Interstate 10 nas proximidades.
O gabinete do procurador-geral da Louisiana afirmou na terça-feira que um funcionário de manutenção ajudou os detentos ao desligar a água, o que permitiu que eles removessem o vaso e a pia. O trabalhador, Sterling Williams, foi preso na segunda-feira e disse aos investigadores que um dos detentos o ameaçou de esfaqueamento se ele não desligasse a água, segundo um depoimento.
Mas o advogado de Williams, Michael Kennedy, afirmou na quarta-feira que os investigadores interpretaram mal os fatos. Segundo ele, um policial havia dito a Williams que o vaso estava entupido e pediu que ele verificasse. Kennedy disse que os detentos aparentemente entupiram o vaso de propósito para forçar alguém a desligar a água, e que Williams apenas executou essa ordem — sem medo ou conspiração.
“Ele foi apenas uma ferramenta usada pelos fugitivos para executar o plano — sem o seu conhecimento”, disse Kennedy em um e-mail. Ele afirmou que Williams pretende se declarar inocente.
Na hora da fuga, um funcionário civil do Gabinete do Xerife da Paróquia de Orleans, responsável por monitorar os sistemas de segurança, havia deixado seu posto para buscar comida, segundo as autoridades.
Os detentos só foram dados como desaparecidos após uma contagem rotineira, às 8h30 da manhã de sexta-feira.
Na quarta-feira, a Polícia Estadual da Louisiana informou que duas mulheres — Cortnie Harris e Corvanntay Baptiste — foram presas e acusadas de ajudar os fugitivos. Harris manteve contato telefônico com um dos foragidos e transportou dois deles para diversos locais em Nova Orleans. Baptiste se comunicava com outro fugitivo por telefone e redes sociais e o ajudou a conseguir comida enquanto ele estava escondido. Esse fugitivo já foi capturado.
Os fugitivos, com idades entre 19 e 42 anos, estavam presos por acusações como homicídio, tentativa de homicídio, roubo à mão armada e porte ilegal de armas.
Três dos detentos foram recapturados na sexta-feira; um quarto foi recapturado na segunda e um quinto na terça.
Os cinco que ainda estão foragidos são:
As autoridades alertaram os moradores de que os fugitivos podem estar “armados e perigosos”. Mais de 200 agentes de segurança estão envolvidos nas buscas, segundo a Polícia Estadual da Louisiana.
Diversas agências, incluindo o FBI e o CrimeStoppers, estão oferecendo recompensas de até US$ 20.000 por informações que levem à captura de cada foragido.
Os detentos recapturados foram transferidos para uma “instalação estadual de segurança máxima”, segundo a polícia estadual.
As autoridades informaram que estão investigando múltiplas falhas de segurança na prisão. Pelo menos três funcionários do Gabinete do Xerife foram suspensos sem pagamento enquanto uma investigação interna está em andamento.
Antes mesmo da fuga, já havia preocupações sobre más condições, superlotação e falta de pessoal no presídio, que é administrado pelo Gabinete do Xerife da Paróquia de Orleans. A prisão está sob um decreto federal de consentimento desde 2013 — um acordo que exige que a administração cumpra padrões federais. Um observador federal já havia apontado que a supervisão na prisão era inadequada.
Segundo o Gabinete do Xerife, cerca de um terço das câmeras do presídio não funciona, e há trancas e portas com defeito. Os detentos chegaram a arrombar a porta de uma cela trancada como parte da fuga.
A xerife Susan Hutson afirmou que a prisão estava abrigando cerca de 1.400 detentos — muito além da capacidade da equipe de segurança — e que solicitou US$ 13 milhões em recursos ao governo municipal para melhorias de segurança e outras necessidades. Ela disse que a prisão enfrenta dificuldades com “vigilância obsoleta, infraestrutura deteriorada, pontos cegos na supervisão e escassez crítica de pessoal”.