Donald Trump, presidente dos EUA, durante discurso (AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 1 de julho de 2025 às 13h16.
Última atualização em 1 de julho de 2025 às 14h24.
O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta terça-feira, 1º, o projeto chamado de "One Big Beautiful Bill", um grande pacote de medidas defendidas pelo presidente Donald Trump.
A votação foi apertada: resultado 51 a 50. O vice-presidente JD Vance, que também é presidente do Senado, precisou dar o voto de desempate.
Os republicanos possuem 53 assentos no Senado, ante 47 dos democratas. Assim, três membros do partido de Trump votaram contra o pacote. Foram eles: Susan Collins (Maine), Thom Tillis (Carolina do Norte) e Rand Paul (Kentucky).
O projeto ainda voltará para a Câmara, onde passará por nova votação. Trump quer sancionar o projeto até sexta-feira, 4 de julho.
O pacote de Trump inclui uma série de abatimentos de impostos e novos investimentos, o que deve aumentar o déficit público dos EUA, segundo analistas. A Casa Branca diz que o aumento da dívida não ocorrerá, pois haverá cortes em alguns programas, como benefícios fiscais para projetos de energia limpa e em gastos com programas sociais.
A proposta tem uma série de itens, como reduzir taxas sobre gorjetas e horas extras, aumentar os créditos fiscais para famílias com filhos e reduzir impostos para idosos.
"Os senadores republicanos tomaram medidas decisivas para impedir um aumento de impostos de US$ 4 trilhões sobre os americanos trabalhadores, ao mesmo tempo em que garantiram isenção de impostos sobre gorjetas e horas extras, novos cortes de impostos para idosos e recursos vitais para o setor industrial", disse Scott Bessent, secretário do Tesouro, em comunicado.
Uma análise inicial, citada pelo jornal The New York Times, aponta que as mudanças deverão aumentar o déficit do país em US$ 3,3 trilhões nos próximos dez anos. O pacote de Trump deve tornar permanentes vários cortes de impostos que haviam sido adotados em 2017, além de incluir novas isenções.
Após deixar o governo americano, Elon Musk fez críticas ao pacote de Trump, e o chamou de "abominação repugnante". O CEO da Tesla liderava o DOGE — departamento na Casa Branca responsável pelo corte de gastos do governo e de milhares de cargos federais.
Elon Musk cumprimenta o presidente Donald Trump, durante evento no Salão Oval, na Casa Branca (Kevin Dietsch/AFP)
Um dos objetivos principais do projeto é reduzir impostos de diferentes formas. Entre as medidas, está o aumento do limite de dedução para impostos estaduais e locais (Salt), que passaria dos atuais US$ 10 mil para até US$ 40 mil no caso de famílias com renda de até US$ 500 mil, até 2030.
A elevação do limite Salt atende a pressão de republicanos eleitos em áreas urbanas democratas, onde o tema é visto como saída para compensar impostos locais elevados.
O texto também amplia deduções no imposto de renda para idosos que recebem benefícios do Social Security. A dedução pode chegar a US$ 6 mil.
Outra promessa inclusa no pacote é a isenção de impostos sobre gorjetas e horas extras. No Senado, o benefício seria limitado gradualmente para quem tem renda acima de US$ 150 mil individualmente ou US$ 300 mil em renda familiar.
Em relação ao crédito tributário por filho, a Câmara aprovou elevação de US$ 2 mil para US$ 2,5 mil, válida até 2028 e limitada a famílias com ambos os pais possuindo número de Previdência Social.
Há ainda uma possibilidade de deduzir valores pagos como juros sobre financiamento de veículos, mas apenas os que forem fabricados nos Estados Unidos.
Para compensar os cortes de impostos, o projeto prevê restrições rigorosas ao Medicaid, programa que oferece atendimento médico a idosos e pessoas de baixa renda. Entre as mudanças, estão a exigência de trabalho mínimo de 80 horas mensais para adultos sem filhos e sem deficiência e a obrigatoriedade de recadastramento a cada seis meses.
O Senado também quer reduzir gradualmente os impostos cobrados de prestadores de serviços de saúde, usados por estados para financiar sua parte no Medicaid, além de criar um fundo de US$ 25 bilhões para hospitais rurais.
Outro ponto polêmico envolve o programa de assistência alimentar Snap. A proposta aumenta a participação dos estados no financiamento e impõe exigências de trabalho para beneficiários aptos sem dependentes.
O projeto ainda prevê mudanças significativas nos créditos fiscais para energia limpa, eliminando benefícios criados durante o governo Biden. A versão do Senado propõe um encerramento gradual desses créditos, permitindo que empresas que iniciarem obras em 2025 ainda recebam parte do incentivo. Os créditos seriam reduzidos para 60% em 2026, 20% em 2027 e extintos em 2028.