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Opep+ antecipa novo salto na oferta de petróleo em agosto, quarto aumento consecutivo

Novo aumento reforça a guinada estratégica do grupo para acelerar a retomada da produção que havia sido cortada

Agência o Globo
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Publicado em 5 de julho de 2025 às 11h49.

A Opep+ vai aumentar a produção ainda mais rápido do que o esperado no próximo mês, enquanto o grupo liderado pela Arábia Saudita busca aproveitar a forte demanda do verão em sua tentativa de recuperar participação no mercado. Oito membros-chave da aliança concordaram em elevar a oferta em 548 mil barris por dia durante uma reunião virtual no sábado, segundo delegados.

O grupo havia anunciado aumentos de 411 mil barris por dia para maio, junho e julho — já três vezes o nível originalmente planejado — e os mercados esperavam o mesmo patamar para agosto.

O novo aumento reforça a guinada estratégica da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus parceiros para acelerar a retomada da produção que havia sido cortada. Desde abril, o grupo passou de anos de restrição de oferta para ampliação da produção, surpreendendo operadores de petróleo e levantando dúvidas sobre sua estratégia de longo prazo.

A Opep+ está devolvendo capacidade anteriormente interrompida a um mercado que, segundo amplas expectativas, terá excesso de oferta no fim do ano. Os contratos futuros do Brent caíram 8,5% em 2025, pressionados pelo aumento da produção dos membros da Opep+ e de outras regiões, além da perspectiva incerta de demanda, em meio à guerra comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaça abalar a economia global.

No entanto, o mercado parece mais robusto no curto prazo, e alguns delegados afirmaram que o grupo está acelerando a retomada da produção em parte para aproveitar a demanda mais forte durante o verão no hemisfério norte. As refinarias dos EUA têm processado mais petróleo para esta época do ano do que em qualquer outro momento desde 2019, e os preços de alguns combustíveis, especialmente o diesel, dispararam.

Nos meses que se seguiram à mudança de estratégia, os delegados apresentaram várias justificativas para a decisão: desde atender à demanda máxima de combustíveis no verão, até punir os membros que estavam produzindo acima da cota e recuperar volumes de vendas cedidos a concorrentes como os produtores de xisto dos EUA. Autoridades disseram que a Arábia Saudita está especialmente ansiosa para reativar a capacidade ociosa o mais rápido possível.

O aumento maior em agosto colocaria a Opep+ no ritmo necessário para completar a devolução de 2,2 milhões de barris por dia de produção previamente interrompida em setembro — um ano antes do previsto no roteiro original.

“Com a Opep+ tendo migrado de uma estratégia de defesa de preços para uma de participação de mercado, manter um corte voluntário simbólico não fazia mais sentido”, disse Harry Tchilinguirian, chefe de pesquisa do Onyx Capital Group. “O melhor era simplesmente encerrar isso e seguir em frente.”

Ainda assim, o aumento real provavelmente será menor — o grupo tem produzido abaixo dos níveis anunciados nos últimos meses, enquanto o ministro da Energia da Arábia Saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, pressiona alguns membros a compensarem a produção excedente anterior e abrirem mão de suas cotas de aumento. O Cazaquistão — o caso mais flagrante — continua a bombear centenas de milhares de barris acima da cota.

Operadores de petróleo esperavam amplamente que a Opep+ confirmasse outro aumento de 411 mil barris por dia para agosto, segundo uma pesquisa da Bloomberg, e as discussões iniciais dos delegados nesta semana também se concentraram nesse número.

Os barris extras podem ser bem recebidos pelo presidente Trump, que tem pedido repetidamente preços mais baixos do petróleo para impulsionar a economia dos EUA e conter a inflação, ao mesmo tempo em que pressiona o Federal Reserve para cortar os juros.

Ainda assim, o aumento da produção também ameaça ampliar um excedente iminente. Os estoques globais de petróleo vêm crescendo a um ritmo de cerca de 1 milhão de barris por dia nos últimos meses, à medida que o consumo na China esfria e a produção aumenta nas Américas, dos EUA à Guiana, Canadá e Brasil.

Segundo a Agência Internacional de Energia, com sede em Paris, os mercados caminham para um excedente substancial no fim do ano. Empresas de Wall Street como JPMorgan e Goldman Sachs preveem que os preços devem cair para cerca de US$ 60 por barril ou menos no quarto trimestre.

Os preços subiram durante o conflito do mês passado entre Irã e Israel, mas recuaram rapidamente quando ficou claro que o fluxo de petróleo não havia sido afetado.

Ao pressionar por aumentos mais rápidos na oferta, a Arábia Saudita precisa equilibrar os benefícios de volumes de vendas maiores com o impacto da queda nos preços do petróleo. O reino já enfrenta um déficit orçamentário crescente e foi forçado a cortar gastos em alguns dos principais projetos do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

A Rússia, co-líder da Opep+, enfrenta um cenário econômico em deterioração e possível crise bancária, enquanto o presidente Vladimir Putin continua a travar uma guerra custosa contra a vizinha Ucrânia.

A queda nos preços também tem prejudicado a indústria de xisto dos EUA. Em uma pesquisa recente, executivos do setor disseram esperar perfurar significativamente menos poços este ano do que o planejado no início de 2025, citando os preços mais baixos do petróleo e a incerteza em torno das tarifas impostas por Trump.

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