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Papa Leão XIV é próximo à CNBB, tinha vinda programada ao Brasil e atuou no Peru

Religioso é americano de nascimento e naturalizou-se peruano

O recém-eleito Papa Robert Francis Prevost chega à varanda central principal da Basílica de São Pedro pela primeira vez, após os cardeais encerrarem o conclave, no Vaticano, em 8 de maio de 2025 (Jakub Porzycki/NurPhoto/Getty Images)

O recém-eleito Papa Robert Francis Prevost chega à varanda central principal da Basílica de São Pedro pela primeira vez, após os cardeais encerrarem o conclave, no Vaticano, em 8 de maio de 2025 (Jakub Porzycki/NurPhoto/Getty Images)

Agência o Globo
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Publicado em 8 de maio de 2025 às 18h34.

Última atualização em 8 de maio de 2025 às 19h24.

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O novo Papa, Leão XIV, é próximo da atual direção da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e considerado por membros do clero brasileiro como um moderado.

Americano naturalizado peruano, o então cardeal Robert Francis Prevost passou boa parte de sua vida religiosa na América Latina, mais precisamente no Peru. Prevost tinha vinda prevista para pregar no retiro da Assembleia Geral dos bispos do Brasil, prevista para o fim de abril e que foi cancelada em razão da morte de Francisco.

O novo Papa é amigo de dom Jaime Spengler, cardeal arcebispo de Porto Alegre, presidente da CNBB e do Conselho Episcopal Latino-Americano, outro religioso considerado moderado. Prevost viria a Aparecida para os dois primeiros dias da Assembleia dos Bispos, originalmente programada para ser realizada de 30 de abril a 9 de maio.

Nascido em Chicago, Prevost chegou ao Peru na década de 1980. Ficou até 1998 e voltou ao país andino em 2007, tendo permanecido até assumir o cargo de prefeito do Dicastério para os Bispos, em Roma, em 2023. Ele só se tornou bispo em 2014, já durante o papado de Francisco. Serviu como bispo em Chiclayo, no norte do Peru.

Foi no Peru que nasceu a Teologia da Libertação, com o sacerdote Gustavo Gutierrez, morto no ano passado. O movimento, comumente relacionado ao clero progressista, foi influente na América Latina (inclusive no Brasil) nos anos 1970 e 1980, e reprimido no pontificado de João Paulo II. A Igreja Católica peruana passou a ser considerada mais conservadora nas últimas décadas, em boa medida devido à força política de dom Juan Luis Cipriani, arcebispo emérito de Lima, ligado à prelazia do Opus Dei. A instituição, fundada na Espanha e notória por posições mais tradicionalistas no clero, foi preponderante no clero peruano até o início dos anos 2010.

À frente da arquidiocese de Lima, Cipriani apoiou o regime do ditador peruano Alberto Fujimori (que governou o país de 1990 a 2000) e foi influente durante os papados de João Paulo II (1978-2005) e Bento XVI (2005-2013). Hoje com 81 anos, Cipriani perdeu relevância paulatinamente durante o papado de Francisco. Prevost, por outro lado, ascendeu na hierarquia da Igreja peruana justamente durante o papado de Francisco, chegando a ser vice-presidente da Conferência Episcopal do Peru de 2018 a 2023. Francisco o nomeou cardeal em setembro de 2023.

Agora Papa, Prevost foi uma voz crítica ao indulto dado pelo então presidente peruano Pedro Pablo Kuczynski a Alberto Fujimori em dezembro de 2017. O ex-ditador estava preso desde 2006 e fora condenado posteriormente por crimes contra a humanidade. Entre os crimes aos que respondeu, está a esterilização forçada de mulheres em zonas rurais. Kuczynski concedeu o perdão a Fujimori como parte de um acordo político com o fujimorismo para garantir a governabilidade, mas caiu mesmo assim em março de 2018. O indulto a Fujimori foi anulado no mesmo ano pela Justiça peruana.

Em uma entrevista à rádio peruana RPP na época do indulto a Fujimori, em 2017, Prevost sugeriu que o ex-ditador deveria pedir perdão às vítimas de seus delitos.

— O ex-presidente Alberto Fujimori pediu perdão de uma forma, digamos, genérica, reconhecendo em termos gerais sua culpa e alguns se sentiram ofendidos. Talvez seria mais eficaz pedir perdão pessoalmente por algumas das grandes injustiças que foram cometidas e pelas quais ele foi julgado — afirmou.

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