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'Parem os moinhos': turbinas eólicas 'estúpidas e feias' são novo alvo de Trump

Presidente questiona energia eólica, embora os EUA sejam o segundo maior produto global deste tipo de energia

Energia eólica: Trump questiona turbinas desde antes de entrar na política (Mario Tama/Getty Images)

Energia eólica: Trump questiona turbinas desde antes de entrar na política (Mario Tama/Getty Images)

Publicado em 19 de agosto de 2025 às 10h22.

Última atualização em 19 de agosto de 2025 às 10h27.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez ataques contra um novo alvo nesta terça-feira, 19: as turbinas de energia eólica.

Em postagem em seu perfil no TruthSocial, Trump afirmou que os "moinhos de vento estúpidos e feios estão matando Nova Jersey". "Os preços da energia subiram 28% este ano, e não há eletricidade suficiente para abastecer o estado. PAREM OS MOINHOS DE VENTO!", escreveu.

No governo anterior, do presidente Joe Biden, a Casa Branca criou programas para estimular energias renováveis, como a solar. Trump, no entanto, é um crítico de longa data das novas energias.

O presidente tem sido um crítico ferrenho das turbinas eólicas há mais de uma década, com comentários negativos frequentemente voltados para a estética das turbinas e seus custos. Em um discurso em julho, o presidente afirmou que as turbinas eólicas são "monstros feios" e um "golpe", alegando que elas "destruíam campos e vales bonitos e matam aves".

Antes mesmo de entrar para a política, Trump já era contrário aos moinhos de vento. Em 2012, ao se opor à construção de um parque eólico offshore perto de seu campo de golfe em Turnberry, na Escócia, ele afirmou ao parlamento escocês que era "a evidência" de que as turbinas eólicas prejudicam o turismo e a paisagem. Trump, à época, argumentou que as turbinas "arruínam a beleza natural dos campos costeiros. Em um de seus discursos"naquele ano, ele também alegou que elas causavam "barulho insuportável", o que "poderia prejudicar a qualidade de vida das pessoas nas proximidades".

Qual o peso da energia eólica nos EUA?

Em 2024, os EUA ficaram em segundo lugar na geração de energia eólica mundial, atrás somente da China, segundo dados da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena).

Globalmente, a energia eólica corresponde a cerca de 17% da eletricidade global gerada, segundo dados do think-tank de energia Ember divulgados em abril deste ano. A consultoria aponta que o aumento do uso deve continuar, levando as energias renováveis (incluindo eólica e solar) a ultrapassarem o carvão como principal fonte de eletricidade global até 2026.

A energia eólica é considerada por especialistas como uma das fontes de energia mais competitivas em termos de custo nos EUA. Segundo a Irena, esse tipo de energia apresenta um custo médio global (LCOE) de aproximadamente US$ 0,034/kWh, sendo a fonte de geração de energia mais acessível para novos projetos em escala de utilidade.

Com uma capacidade instalada de cerca de 160 GW no primeiro semestre, os Estados Unidos seguem avançando em energia eólica, segundo relatório da Wood Mackenzie/ACP. Segundo a consultoria, a geração de energia eólica nos EUA teve um crescimento de 9,5% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024, representando 12,2% da eletricidade total produzida no país.

Em março, de acordo com o US Wind Energy Monitor, essa participação chegou a 14,8%. Quando somada à geração de energia solar, a produção renovável respondeu por 19% da geração de eletricidade no trimestre, com um pico de 24% no mesmo mês.

As perspectivas para o setor são positivas, com projeções de crescimento médio anual de 9 GW na capacidade instalada até 2029. E a participação da energia eólica na matriz elétrica dos EUA deve superar os 13% até o final de 2025, consolidando a energia eólica como a principal fonte renovável de eletricidade do país, à frente da hidrelétrica, segundo relatório da Wood Mackenzie/ACP.

Setor enfrenta dúvidas

Embora os números sejam promissores, o setor eólico enfrenta uma desaceleração nos investimentos, especialmente no que diz respeito às encomendas de turbinas. Ainda segundo o US Wind Energy Monitor, o fluxo de pedidos recuou 50% no primeiro semestre de 2025, atingindo o nível mais baixo desde 2020. Para analistas, o retrocesso pode ser atribuído à incerteza regulatória, com muitos investidores aguardando um cenário mais claro para seguir com novos projetos.

Apesar disso, grandes fabricantes como GE Vernova, Vestas e Siemens Gamesa ainda apresentam crescimento nas receitas, impulsionado por ampliações de parques eólicos existentes e novos pedidos vindos da América do Norte, de acordo com a WindTech International.

O ambiente regulatório também tem sido um ponto de atenção para o setor.

Em janeiro, o governo dos Estados Unidos suspendeu temporariamente as licitações para áreas marinhas destinadas à energia eólica offshore. A revisão dos processos de licenciamento e as novas exigências de avaliação ambiental para projetos também impactou o setor.

A aprovação da lei One Big Beautiful Bill Act em julho gerou ainda mais incertezas sobre a elegibilidade para créditos fiscais, o que atrasou decisões de investimento, já que o mercado aguarda definições mais claras sobre a regulamentação tributária, de acordo com o US Wind Energy Monitor.

Apesar desses desafios, o Texas segue sendo o líder absoluto na geração de energia eólica nos Estados Unidos, responsável por 28,6% de toda a produção do país em 2024. Outros estados, como Iowa, Oklahoma, Kansas e Illinois, também têm mostrado grande potencial, com uma expansão crescente da capacidade eólica, impulsionada por ventos favoráveis e incentivos fiscais estaduais, segundo o relatório Choose Energy. A região Oeste do país, com destaque para Califórnia, Oregon e Washington, bem como o Meio-Oeste, incluindo Minnesota e Nebraska, também seguem em expansão.

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