Mundo

Parlamento de Hong Kong volta a viver cenas de caos

As eleições legislativas de setembro levaram à eleição de alguns deputados que pedem o rompimento com a China

Hong Kong: partidários dos dois deputados invadiram o Parlamento (Bobby Yip/Reuters)

Hong Kong: partidários dos dois deputados invadiram o Parlamento (Bobby Yip/Reuters)

A

AFP

Publicado em 26 de outubro de 2016 às 11h01.

O Parlamento de Hong Kong viveu novamente nesta quarta-feira cenas de caos, devido ao juramento que deverá ser prestado por dois novos deputados defensores da separação com a China, que segue em aberto.

O clima de tensão se acentuou nesta ex-colônia britânica, onde muitos habitantes têm a impressão de que Pequim está reforçando sua influência.

As eleições legislativas de setembro levaram à eleição de alguns deputados que pedem o rompimento com a China, dois anos depois das grandes manifestações pró-democracia.

Mas os novos deputados independentistas Yau Wai-ching e Baggio Leung seguem sem ter prestado juramento ante o Conselho Legislativo (LegCo).

O presidente do Parlamento, Andrew Leung, declarou que não podia autorizar seu juramento porque estava à espera do resultado de um recurso judicial apresentado pelo governo de Hong Kong.

O recurso denuncia, em particular, o comportamento de ambos durante a primeira tentativa de juramento.

Há duas semanas, os dois juraram seu cargo, mas o ato ficou invalidado devido ao fato de carregarem uma bandeirola que proclamava que "Hong Kong não é a China".

Os dois parlamentares também se negaram a pronunciar corretamente a palavra China. Yau foi ouvida fazendo um jogo de palavras vulgar às custas de Pequim.

Na semana passada, uma segunda tentativa de jurar o cargo fracassou porque os deputados pró-Pequim abandonaram o hemiciclo, provocando a suspensão da sessão por falta de quórum.

Após este incidente, partidários e opositores de Pequim entraram em confronto diante do Parlamento. Os primeiros pediam aos dois deputados que se desculpassem por seu comportamento na semana anterior, algo que os interessados se negaram a fazer.

Nesta quarta-feira, partidários dos dois deputados invadiram o Parlamento e os acompanharam à força até o hemiciclo. Enquanto Andrew Leung gritava que abandonassem o local, os partidários pediram aos gritos sua renúncia. Após meia hora, a sessão foi novamente adiada.

Diante do LegCo, milhares de partidários de Pequim protestaram agitando a bandeira nacional chinesa, e classificando Yau e Baggio de "lixo".

A justiça começará a examinar o recurso do executivo a partir de 3 de novembro, mas o processo pode durar meses. Enquanto isso, os dois deputados não poderão entrar no Parlamento, segundo seu presidente.

"Esta decisão é dolorosa, mas necessária. Se não a tomasse, o LegCo deixaria de funcionar", declarou à imprensa.

Hong Kong goza de uma semiautonomia, em virtude do princípio "Um país, dois sistemas" que foi instaurado durante a retrocessão do território a Pequim em 1997.

Acompanhe tudo sobre:ChinaHong KongPolítica

Mais de Mundo

Como Bukele conseguiu acumular tanto poder em El Salvador e tão rápido?

Governo de Portugal decreta estado de alerta devido ao calor extremo nos próximos dias

Chile intensifica esforços para resgatar mineradores presos em El Teniente

Renúncia de diretora do Fed pode acelerar a escolha de Trump do sucessor de Powell