Anúncio de vaga de emprego na Flórida, (Joe Raedle/Getty Images)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 2 de maio de 2025 às 09h37.
Última atualização em 2 de maio de 2025 às 11h26.
A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos desacelerou em abril, mas o indicador veio acima das expectativas do mercado. No mês passado, foram criados 177 mil postos de trabalho e o desemprego se manteve em 4,2%, aponta o relatório da situação de emprego do país, apelidado de Payroll, divulgado nesta sexta-feira, 2, pelo Escritório de Estatísticas do Trabalho.
Os economistas do mercado americano esperavam a criação de 133.000 empregos e manutenção do desemprego em 4,2%, segundo o Wall Street Journal. Em março, haviam sido criados 228.000 empregos no mês, e o desemprego também estava em 4,2%. Isso representa 7,2 milhões de pessoas sem trabalho. O indicador oscila entre 4% e 4,2% desde maio de 2024.
A criação de vagas em abril foi mais forte nas áreas de saúde, transporte, armazenagem e assistência social. Por outro lado, houve queda nas contratações do governo federal. O presidente Donald Trump tem fechado escritórios e promete reduzir o tamanho da máquina pública.
"Podemos adiar as preocupações com recessão por mais um mês. Os números do emprego continuam muito fortes, sugerindo que havia um impressionante grau de resiliência na economia antes do choque das tarifas", diz Seema Shah, estrategista-chefe global da Principal Asset Management.
"Isso indica que a fraqueza econômica pode não se materializar de fato nos dados por vários meses ainda, o que, por sua vez, empurra o próximo corte de juros pelo Fed para o terceiro trimestre", afirma Shah.
Indicadores como o índice de desemprego ajudam a medir os efeitos das tarifas de importação impostas por Trump nos últimos meses.
Na quarta-feira, 30, os dados do produto interno bruto do 1º trimestre mostraram uma retração da economia. Nos três primeiros meses deste ano, os Estados Unidos tiveram retração de 0,3% no PIB, na taxa anualizada, segundo o Escritório de Análises Econômicas (BEA). É uma queda forte em relação ao final de 2024, quando o país havia crescido 2,4%.
"A queda no PIB real no primeiro trimestre reflete principalmente um aumento nas importações, que são uma subtração no cálculo do PIB, e uma queda nos gastos no governo", disse o BEA, em comunicado.
Logo após tomar posse, Trump anunciou uma série de tarifas e medidas contra parceiros comerciais, o que gerou um cenário de incerteza no país. As primeiras medidas foram anunciadas pouco depois da posse, contra Canadá e México. Isso levou empresas a acelerarem importações, como forma de tentar se proteger sobre tarifas futuras.
Ao mesmo tempo, indicadores apontam que os consumidores estão menos confiantes para comprarem, dado o cenário incerto.
Em 2 de abril, Trump anunciou seu maior pacote de taxas. Quase todos os países foram atingidos, com uma tarifa mínima de 10% e taxas extras para diversos países. As cobranças extras, no entanto, foram adiadas até julho, com exceção da China. Há ainda outras tarifas sobre carros importados, aço, alumínio e outros itens.
O vaivém das tarifas gerou tensão no mercado, e as bolsas americanas tiveram quedas históricas nos últimos meses.
O presidente defende que as tarifas atrairão mais indústrias aos Estados Unidos e trarão benefícios a longo prazo, embora ele reconheça que a medida poderá gerar problemas na economia durante o que ele chamou de "período de transição".
Para o Fundo Monetário Internacional (FMI), as tarifas impostas por Trump vão frear o crescimento. No começo de abril, a entidade baixou a perspectiva de expansão do PIB dos EUA para 2025 de 2,7% para 1,8%.
O crescimento do PIB é um dos parâmetros usados pelo Fed (banco central americano) para definir as taxas de juros. Um maior esfriamento tende a estimular a entidade a baixar as taxas, hoje na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.