Mundo

Peço ao papa que nos ajude no caminho do diálogo, diz Maduro

Em entrevista, o presidente da Venezuela afirmou que escreveu uma carta ao papa pedindo um "reforço do diálogo" com a oposição

Maduro: o presidente venezuelano tem perdido cada vez mais apoio, contanto apenas com a China e a Rússia como aliados (Marco Bello/Reuters)

Maduro: o presidente venezuelano tem perdido cada vez mais apoio, contanto apenas com a China e a Rússia como aliados (Marco Bello/Reuters)

A

AFP

Publicado em 4 de fevereiro de 2019 às 13h01.

Última atualização em 4 de fevereiro de 2019 às 13h04.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse que escreveu ao Papa Francisco pedindo a sua ajuda e mediação, em entrevista nesta segunda-feira ao canal italiano SkyTG24.

"Enviei uma carta ao papa Francisco", declarou Maduro nesta entrevista gravada em Caracas. "Disse a ele que estou a serviço da causa de Cristo (...) e nesse espírito peço sua ajuda, em um processo de facilitação e reforço do diálogo".

"Os governos do México e do Uruguai, todos os governos caribenhos e do Caricom e o da Bolívia pediram uma conferência de diálogo para o dia 7 de fevereiro", acrescentou.

"Peço ao papa para fazer seus melhores esforços, para colocar sua vontade, para nos ajudar no caminho do diálogo, espero receber uma resposta positiva", disse Maduro.

A União Europeia e o Uruguai anunciaram no domingo a primeira reunião do grupo de contato para promover a organização de novas eleições na Venezuela para o dia 7 de fevereiro em Montevidéu.

A UE e oito dos seus Estados membros (Alemanha, Espanha, França, Itália, Portugal, Holanda, Reino Unido e Suécia) estão entre eles, bem como a Bolívia, Costa Rica, Equador e Uruguai para os países da América Latina.

O papa participa atualmente de uma reunião internacional inter-religiosa nos Emirados Árabes Unidos e deve voltar a Roma na noite de terça-feira.

Enquanto uma dúzia de países europeus - mas não a Itália - reconheceu o opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, Maduro instou a Europa a "não ser arrastada pelas loucuras de Donald Trump", o presidente dos Estados Unidos que reconheceu Guaidó e que não exclui uma intervenção militar.

"Digo ao mundo inteiro: precisamos de solidariedade, consciência para não ceder à loucura da guerra e transformar a Venezuela em um novo Vietnã", insistiu Maduro.

Na Itália, a crise venezuelana causa fortes tensões. Oficialmente, Roma mantém cautela, lembrando que nunca reconheceu a reeleição de Maduro e pede uma nova eleição presidencial.

Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro e chefe da extrema direita, pediu no domingo o retorno da democracia na Venezuela, "porque todos os regimes comunistas devem ser removidos da face da Terra".

Mas seus aliados do Movimento 5 Estrelas (M5S, antissistema) são mais ambíguos. "A quantidade de democracia que procuramos exportar para um país é sempre diretamente proporcional à quantidade de petróleo que existe (...) É preciso coragem para permanecermos neutros", disse Alessandro Di Battista, um dos líderes do movimento.

Já o presidente italiano, Sergio Mattarella, pediu que a Itália demonstre "responsabilidade" e "clareza em uma linha compartilhada com todos os nossos aliados e nossos parceiros na União Europeia".

Acompanhe tudo sobre:Igreja CatólicaNicolás MaduroPapa FranciscoVaticanoVenezuela

Mais de Mundo

Tarifaço de Trump deve provocar impacto similar ao da Covid nos EUA

Presidência brasileira do Brics pede 'retirada total' das forças israelenses de Gaza

Trump quebra protocolos e volta a pedir anexação do Canadá no dia das eleições

Apagão na Espanha e Portugal gera caos, paralisa trens e leva a corrida por rádios de pilha