Plano de ocupação: ONU critica a decisão de Israel de ocupar a Cidade de Gaza, destacando os riscos para a paz e o sofrimento da população palestina (Jack GUEZ / AFP)
Agência de Notícias
Publicado em 8 de agosto de 2025 às 17h49.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar "profundamente alarmado" com o plano do governo israelense de assumir o controle da Cidade de Gaza, o que ele chamou de "uma escalada perigosa" do conflito.
"Essa decisão marca uma escalada perigosa e corre o risco de aprofundar as consequências já catastróficas para milhões de palestinos. Ela pode colocar em risco ainda mais vidas, inclusive as dos reféns (do Hamas)", comentou a porta-voz associada de Guterres, Stephanie Tremblay, em entrevista coletiva diária.
Tremblay advertiu que essa nova escalada levará a mais deslocamentos forçados, mortes e "destruição massiva", o que exacerbará "o sofrimento inimaginável da população palestina em Gaza".
A porta-voz instou o governo israelense a respeitar o direito internacional e lembrou que a Corte Internacional de Justiça determinou em 2024 que Israel deve cessar seus assentamentos ilegais e evacuar todos os colonos dos territórios palestinos ocupados, que incluem Gaza e a Cisjordânia, inclusive Jerusalém Oriental.
"Não haverá solução sustentável para esse conflito sem o fim dessa ocupação ilegal e a conquista de uma solução viável de dois Estados. Gaza é e deve continuar sendo parte integrante de um Estado palestino", disse Tremblay.
Na madrugada desta sexta-feira, o gabinete de segurança do governo israelense deu sinal verde a um plano militar proposto pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para ocupar a Cidade de Gaza, no norte do enclave.
Após quase dez horas de reuniões, o governo israelense divulgou uma declaração delineando o plano de Netanyahu para "derrotar o Hamas", que inclui a ocupação da Cidade de Gaza, sem esclarecer o que acontecerá com o restante do enclave, embora o primeiro-ministro tenha declarado sua intenção de estender a operação a toda a Faixa de Gaza antes de iniciar a sessão de discussão com o gabinete.