Apple: empresa segue investindo na Índia, mas encontra obstáculos com EUA e China. (Leandro Fonseca/Exame)
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Publicado em 11 de junho de 2025 às 07h30.
A Apple e sua principal fornecedora, a Foxconn, seguem firmes na aposta pela Índia como seu novo centro de produção. Segundo a Bloomberg, a Foxconn anunciou um novo investimento de US$ 1,5 bilhão no país, na tentativa de tranquilizar autoridades indianas que vinham demonstrando preocupação com a futura expansão da empresa.
Essa tensão aumentou após o presidente Donald Trump afirmar ao CEO da Apple, Tim Cook, que não queria a Apple "construindo na Índia". A fala contrariou as expectativas de que a maioria dos iPhones vendidos nos EUA venha do território indiano pelo menos até o fim de 2026.
Apesar da declaração de Trump, a operação da Apple na Índia continua em expansão. A Bloomberg revelou a construção de um novo complexo da Foxconn, que vai empregar 30 mil pessoas. É o maior projeto do tipo no país. Além disso, a Tata Electronics já iniciou a montagem do iPhone 16 em sua fábrica no sul.
Ainda assim, o desafio de replicar uma cadeia de produção no território indiano ainda é grande e a política dos EUA seria apenas uma parte do problema. Segundo a Bloomberg, também há obstáculos para transferir essa estrutura de dentro da China.
A Apple já parece estar colhendo bons resultados na Índia. Segundo dados citados pela Bloomberg, o valor de produtos fabricados no país cresceu 60% no último ano, chegando a US$ 22 bilhões. Mais de US$ 17 bilhões foram exportados. Com isso, os eletrônicos chegaram a superar exportações do setor farmacêutico do país.
O governo indiano, por sua vez, flexibilizou regras e autorizações para viabilizar os planos e permitir a entrada de tecnologia chinesa - mesmo após um confronto com a China em 2020 que matou 20 soldados indianos.
A experiência está mostrando que, para montar um novo polo industrial, é preciso alinhar interesses de quem fabrica, de quem compra e de onde vêm os insumos. Mesmo com as dificuldades, a Apple segue engajada na expansão, mas enfrenta novas dificuldades.
Fabricantes contratados pela Apple e fornecedores da China demonstraram disposição para abrir operações na Índia. Entretanto, o governo chinês pode tentar pausar essa movimentação. Muitos funcionários experientes estão sendo impedidos de viajar para a Índia e o Sudeste Asiático, impedindo a exportação de conhecimento.
Apple e Nova Déli tentam conquistar Trump e convencê-lo de que iPhones destinados ao mercado americano podem ser feitos na Índia. Mas talvez precisem conquistar, também, o presidente norte-americano.