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Por que os Papas escolhem nomes diferentes?

Vaticano começará a eleição do novo Papa nesta quarta-feira, 7

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 5 de maio de 2025 às 13h42.

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Semelhante às cerimônias e tradições que acompanham a escolha de um novo Papa, o nome adotado pelo pontífice carrega séculos de história da Igreja Católica e múltiplas camadas de significado. A mudança de nome é uma das primeiras decisões simbólicas do novo líder da Igreja, e ainda que não haja obrigatoriedade doutrinária, tornou-se prática consolidada desde o início da Idade Média.

Por que os papas escolhem um novo nome?

Segundo a CNN, São Pedro — o primeiro papa e um dos 12 apóstolos — foi rebatizado por Jesus antes de liderar a Igreja. Seu nome de batismo era Simão.

A tradição moderna começou apenas no século VI, com o Papa João II, que governou de 533 a 535 e optou por abandonar seu nome original, Mercúrio, por remeter a um deus pagão. A escolha foi considerada mais adequada ao papel espiritual que o novo cargo exigia.

Já no século X, Pedro Canepanova adotou o nome João XIV para evitar ser chamado de Pedro II, reforçando o respeito simbólico ao apóstolo original.

Essa prática se firmou especialmente após o século X, com papas de fora da Itália, como da França e da Alemanha, que adotavam nomes italianizados para seguir o padrão dos antecessores. Casos como os de Marcelo II e Adriano VI, que mantiveram seus nomes de batismo, tornaram-se exceções.

O que orienta a escolha de um nome?

Cada nome papal remete a figuras históricas — sejam santos ou papas anteriores — e carrega intenções específicas. Francisco, por exemplo, homenageia São Francisco de Assis e sinaliza compromisso com paz, natureza e pobreza.

Bento XVI fez referência a São Bento e ao Papa Bento XV, simbolizando paz e reconciliação. A escolha do nome revela as prioridades espirituais e políticas do pontificado.

Algum nome é proibido?

Um nome que jamais será escolhido é Pedro, como forma de respeito ao primeiro papa. A tradição é reforçada por uma antiga profecia que associa “Pedro II” ao último pontífice da história da Igreja.

Outros nomes são evitados por associações negativas. “Urbano”, por exemplo, evoca Urbano VIII, envolvido na condenação de Galileu Galilei. “Pio” remete a Pio XII, cujo papel durante a Segunda Guerra Mundial é criticado até hoje.

E como poderá se chamar o próximo papa?

Se a linha de reformas continuar, nomes como Leão (em referência a Leão XIII, ligado à justiça social) ou Inocêncio (que evoca combate à corrupção) seriam significativos. Um papa do hemisfério sul, como Francisco, poderia revisitar nomes antigos de origem africana, como Gelásio, Milcíades ou Vítor.

João é o nome papal mais usado — 21 vezes. Seguem-se Gregório (16), Bento (15), Inocêncio e Leão (ambos com 13).

Quando começa o Conclave?

O Vaticano começará a eleição do novo Papa nesta quarta-feira, 7[/grifar]. O evento, que acontece após a morte de Francisco, reúne cardeais eleitores de todo o mundo na Capela Sistina, em Roma.

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