Redatora
Publicado em 6 de junho de 2025 às 06h57.
Sete países africanos foram incluídos na nova lista de restrições de viagens dos Estados Unidos anunciada na última quarta-feira, 4, pelo governo Trump. Chade, Guiné Equatorial, Eritreia, Líbia, Somália, República do Congo e Sudão compõem o grupo — todos do continente africano, mas com poucas características em comum além disso, como aponta reportagem do New York Times.
Essas nações estão espalhadas por diferentes regiões da África, desde desertos até florestas tropicais. Algumas têm regimes democráticos, outras estão sob governo militar. Enquanto algumas enfrentam forte presença de grupos terroristas, outras não apresentam esse problema.
A restrição é um banimento de entrada nos EUA para cidadãos desses sete países africanos. Segundo o presidente Donald Trump, a decisão levou em conta fatores como a presença significativa de terrorismo, a taxa de permanência irregular de vistos nos Estados Unidos e a cooperação para o retorno de cidadãos.
Chade, Somália e Sudão, por exemplo, têm histórico de ameaças terroristas persistentes, mas países como Mali, Níger e Burkina Faso, também marcados por golpes militares e crises, ficaram fora da lista.
A taxa de permanência irregular nos EUA entre visitantes de Chade (49%), Guiné Equatorial (33%) e República do Congo (30%) foi elevada em 2023, segundo dados do Departamento de Segurança Interna americano. No entanto, em números absolutos, esses casos foram limitados a pouco mais de 5 mil pessoas entre os sete países, enquanto nações como Jamaica tiveram mais do que o dobro, sem sofrer restrições.
Outros países africanos com números maiores, como Nigéria e Gana, também ficaram de fora da lista. Além disso, algumas nações com alta taxa de permanência irregular, como Djibouti (23%) e Libéria (19%), não foram incluídas, enquanto a Somália, com 11%, aparece entre as proibidas.
O analista de políticas Bright Simons, do think tank IMANI, em Gana, criticou a medida ao New York Times, afirmando que a administração Trump estaria “punindo países inteiros pelos erros de uma minoria”.
Ele destacou que pouco pode ser feito pelos governos para controlar os cidadãos que ultrapassam o prazo dos vistos e sugeriu que uma alternativa mais eficaz seria exigir depósitos financeiros ao solicitar o visto, estratégia adotada por outras nações para desincentivar a permanência irregular.
Para Simons, essa abordagem evitaria que a responsabilidade individual fosse substituída por um estigma nacional generalizado.