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Presidente do Equador viaja aos EUA para discutir segurança e migração com Trump

Noboa vem considerando a possibilidade de receber forças especiais estrangeiras ou mesmo bases militares para ajudar a conter a crise de violência em território equatoriano

Agência o Globo
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Publicado em 28 de março de 2025 às 20h36.

Última atualização em 28 de março de 2025 às 20h37.

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O presidente do Equador, Daniel Noboa, anunciou que viajará aos Estados Unidos nesta sexta-feira para discutir segurança, migração e cooperação comercial com seu homólogo Donald Trump, cuja agenda com a América Latina tem se centrado nesses três pontos.

A visita ocorre no momento em que o governo equatoriano trava uma guerra contra organizações criminosas que tomaram o país nos últimos anos, transformando-o numa importante rota no tráfico internacional de drogas.

Um dos maiores aliados dos Estados Unidos na América Latina, Noboa busca apoio internacional na sua luta contra os grupos — muitos deles apoiados por cartéis mexicanos. Nesse sentido, o equatoriano vem considerando inclusive a possibilidade de receber forças especiais de outros países ou permitir o estabelecimento de bases militares estrangeiras no Equador.

— À tarde, parto para os Estados Unidos (...) para falar com ele (Trump) pessoalmente — disse o líder equatoriano, que passará dois dias em Miami e Fort Lauderdale, à rádio Centro de Guayaquil.

Noboa comemorou que, em um momento em que os Estados Unidos estão “interrompendo os programas de cooperação na grande maioria dos países”, com o Equador há um “bom relacionamento”.

— Até pedimos (aos Estados Unidos) que incluíssem os grupos armados do Equador na lista de terroristas — afirmou, em referência à designação recentemente dada pela Casa Branca a oito cartéis do México, Venezuela e El Salvador, alguns dos quais operam no país.

Noboa disputará a eleição presidencial em 13 de abril, com um plano para continuar suas políticas linha dura contra as gangues, que no ano passado levaram o país numa espiral de violência após a fuga de um dos criminosos mais procurados do país do complexo penitenciário de Guayaquil. Em meio à crise, o presidente decretar estado de exceção e de conflito interno, além de classificar diversos grupos como terroristas.

Recentemente, Noboa propôs ao Congresso que a proibição de estabelecer bases militares estrangeiras no país — como a que Washington tinha até 2018 no porto pesqueiro de Manta para voos antidrogas — fosse removida da Constituição. Ele também anunciou uma aliança com Erik Prince, fundador da questionável empresa de segurança americana Blackwater, cujos funcionários mataram e feriram dezenas de civis no Iraque.

O avanço do tráfico de drogas no país fez a sua taxa de homicídios subir de de 6 por 100 mil habitantes em 2018 para um recorde de 47 em 2023, uma das mais altas do mundo. Em 2024, o número caiu para 38. Segundo analistas, além dos portos do país serem uma rota mais rápida para mercados importantes e a dolarização da sua economia facilitou as transações.

Se há poucos anos o país era conhecido por ser um recanto de relativa paz entre os dois maiores produtores mundiais de cocaína (a Colômbia e o Peru), hoje quase um terço da droga colombiana sai da América do Sul em direção aos Estados Unidos por portos equatorianos. Segundo autoridades locais, as duas maiores facções criminosas do país, Los Choneros (comandada por Fito) e Los Lobos, são apoiadas financeiramente e recebem armas dos dois principais cartéis mexicanos: o Cartel de Sinaloa e o Cartel Jalisco Nova Geração (CJNG).

Imigração

Durante a entrevista, Noboa indicou que também conversará com Trump sobre migração em favor dos milhares de equatorianos nos Estados Unidos. Ele também falará sobre comércio para que haja “um acordo justo entre os dois lados”.

— Eu entendo as políticas econômicas deles. Eles têm sua soberania, saberão o que estão fazendo, mas também devem ser justos com o Equador — acrescentou.

Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial do Equador, que em 2024 exportou US$ 7,024 bilhões em mercadorias para o Equador e importou US$ 8,135 bilhões. Com uma economia dolarizada, Quito acaba sendo fortemente afetado pelas decisões econômicas em Washington.

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