Shigeru Ishiba: primeiro-ministro japonês propôs mudanças na política internacional sobre a Palestina e o Conselho de Segurança da ONU. (CHARLY TRIBALLEAU/AFP)
Agência de Notícias
Publicado em 24 de setembro de 2025 às 09h50.
O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, criticou Israel durante seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, sinalizando um possível reconhecimento da Palestina caso a ofensiva israelense impeça a solução de dois Estados.
"A questão não é se devemos reconhecer um Estado palestino, mas quando", declarou Ishiba em sua fala, na qual afirmou que as ações unilaterais do governo israelense "jamais devem ser aceitas" e exigiu o fim imediato das operações militares.
"Sentimos indignação com as declarações que negam totalmente a ideia de um Estado palestino", acrescentou Ishiba, que garantiu que, se a evolução do conflito fechar o caminho para uma solução de dois Estados, "o Japão tomará medidas em consequência".
O Japão tem evitado se juntar às nações que reconheceram o Estado palestino por ocasião do encontro internacional, questionando a eficácia real dessa decisão no momento, mas o primeiro-ministro Ishiba se mostrou mais incisivo em seu discurso.
O líder japonês declarou que "não podemos nos dar ao luxo de ignorar o sofrimento extremo do povo de Gaza" e condenou "energicamente" os ataques de Israel, que "agravam a crise humanitária na região", ao mesmo tempo em que conclamou judeus e árabes a restaurarem a coexistência pacífica que demonstraram por séculos.
"Os ataques terroristas do Hamas e as vítimas em Gaza causaram uma dor profunda em muitos", disse Ishiba, que completou: "Não devemos permitir que o processo de coexistência de dois Estados, impulsionado com grande dificuldade desde os Acordos de Oslo, seja interrompido".
O primeiro-ministro japonês, que decidiu participar da Assembleia Geral da ONU apesar de sua iminente saída da chefia do governo japonês em 4 de outubro, também criticou a própria ONU em seu discurso, assim como a inação e o viés de seu Conselho de Segurança 80 anos após sua criação.
A ONU, segundo disse, "não cumpriu plenamente sua função" e o direito de veto dos membros permanentes do Conselho de Segurança impediu que a organização tomasse "decisões necessárias em muitas situações críticas".
Ishiba usou Moscou como exemplo particular: "A Rússia interpretou o princípio de defesa coletiva de forma unilateral e realizou uma invasão brutal na Ucrânia sob esse pretexto", declarou o ainda chefe do Executivo japonês.
"A reforma do Conselho de Segurança deve ser realizada agora", ressaltou o primeiro-ministro, para aumentar a representação dos Estados-membros, que quadruplicaram desde a criação do organismo sem que seus membros permanentes tenham mudado desde então.