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Procuradora-geral da Venezuela retoma críticas a Maduro

"Não podemos exigir uma conduta pacífica e legal dos cidadãos se o Estado não adota decisões de acordo com a lei", disse Ortega em entrevista a um jornal

Luisa Ortega: "Para o bem do país, é hora de dialogar e negociar", diz (Marco Bello/Reuters)

Luisa Ortega: "Para o bem do país, é hora de dialogar e negociar", diz (Marco Bello/Reuters)

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AFP

Publicado em 4 de maio de 2017 às 09h54.

A Procuradora-Geral da Venezuela, Luisa Ortega, condenou a violenta repressão às manifestações opositoras e defendeu a Constituição que o presidente Nicolás Maduro quer eliminar, revela uma entrevista ao Wall Street Journal publicada nesta quarta-feira.

Ortega, que pediu aos órgãos de segurança estatais que garantam o direito à manifestação pacífica e denuncia a ausência do devido processo contra os detidos nos protestos, acusou a Guarda Nacional e os corpos de inteligência de prisões arbitrárias.

"Não podemos exigir uma conduta pacífica e legal dos cidadãos se o Estado não adota decisões de acordo com a lei", disse Ortega ao jornal, em sua primeira entrevista após o início da atual onda de protestos, no dia 1º de abril.

Ortega, uma chavista declarada, foi acusada durante anos pela oposição e grupos de direitos humanos de ajudar na condenação de dissidentes e ignorar acusações de corrupção contra funcionários do governo.

A Procuradora-Geral surpreendeu a Venezuela no final de março, quando qualificou de "ruptura da ordem constitucional" a decisão do Supremo Tribunal de Justiça - apoiada por Maduro - de assumir as funções do Parlamento, dominado pela oposição.

Anulada posteriormente, a decisão do Supremo deflagrou uma onda de protestos e de repressão estatal que já deixou 32 mortos.

Os comentários de Ortega ao Wall Street Journal confirmam sua ruptura com a linha dura do governo Maduro, que enfrenta um crescente descontentamento popular devido à falta de alimentos e à inflação descontrolada.

"Esta Constituição é imbatível. Esta é a Constituição de Chávez", disse Ortega com a mão sobre uma cópia da Carta Magna de 1999, promovida pelo finado Hugo Chávez.

"Para o bem do país, é hora de dialogar e negociar. Isto significa que alguém deve tomar decisões", concluiu Ortega, de 59 anos.

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