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Putin desafia ultimato de Trump e reafirma objetivos russos na guerra da Ucrânia, diz agência

Apesar da ameaça de novas sanções de Trump, Putin mantém a ofensiva militar e seus planos de anexar quatro regiões da Ucrânia, sem se render às pressões externas

Vladimir Putin: presidente russo deve seguir com guerra na Ucrânia mesmo com ameaças de Trump. (Mikhail Svetlov/Getty Images)

Vladimir Putin: presidente russo deve seguir com guerra na Ucrânia mesmo com ameaças de Trump. (Mikhail Svetlov/Getty Images)

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 5 de agosto de 2025 às 11h11.

Vladimir Putin não deve ceder ao ultimato do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaçou impor novas sanções e tarifas de 100% a países que compram petróleo russo, como China e Índia, indica uma apuração feita pela agência Reuters.

Apesar da medida expirar nesta sexta-feira, fontes próximas ao Kremlin ouvidas pela agência informaram que o presidente russo segue determinado a conquistar totalmente Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson, regiões ucranianas que Moscou reivindica como suas.

Mesmo temendo prejudicar a relação com Trump, Putin acredita que a Rússia está vencendo a guerra e passou a duvidar da eficácia de mais sanções após quase quatro anos de conflito. "Ele está preocupado com a irritação de Trump", disse uma das fontes, "mas não vê razão para interromper a guerra enquanto o exército russo avança".

Embora negociações entre russos e ucranianos tenham ocorrido três vezes desde maio, as conversas foram consideradas simbólicas, focadas em trocas humanitárias. O Kremlin insiste que quer um acordo duradouro, mas exige a retirada total da Ucrânia das quatro regiões em disputa e sua neutralidade militar — demandas que Kiev rejeita, de acordo com a reportagem.

Putin enxerga nas conquistas territoriais uma oportunidade de declarar que os objetivos da guerra foram cumpridos, segundo o jornalista James Rodgers, autor de The Return of Russia. A análise é reforçada por dados do grupo militar finlandês Black Bird Group, que apontam perdas territoriais significativas da Ucrânia nos últimos meses — só em julho, foram 502 km².

Trump envia emissário a Moscou

Na tentativa de evitar uma escalada, o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, deve visitar Moscou ainda esta semana. A missão ocorre em meio a trocas de acusações sobre risco de guerra nuclear.

"Trump quer parar o derramamento de sangue", disse a porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly, ao justificar as sanções e a venda de armas para países da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

A reportagem reforça como relação entre os dois líderes, que já foi marcada por elogios e promessas de negócios, não vai bem. Trump chegou a criticar duramente Putin, chamando seus ataques aéreos contra Kiev de "nojentos". Mesmo assim, há ceticismo em Moscou sobre a firmeza das ameaças de Trump. “Ele já fez ameaças antes e recuou”, disse uma das fontes.

Pressão econômica e apoio de aliados

As sanções, no entanto, já impactaram fortemente a economia russa: investimentos diretos caíram 63% em 2024, enquanto cerca de US$ 300 bilhões em ativos do banco central seguem congelados no exterior. Apesar disso, a Reuters reforça que o país continua sustentando sua máquina de guerra, com apoio da Coreia do Norte e da China, que fornecem componentes para o uso militar e civil.

"Putin valoriza a relação com Trump, mas tem uma prioridade: ele não pode parar a guerra só porque Trump quer", afirmou outra fonte do Kremlin.

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