Jordan Bardella, possível nome que vai substituir Marine Le Pen na corrida presidencial francesa (Menahem KAHANA /AFP)
Agência de notícias
Publicado em 31 de março de 2025 às 17h22.
Última atualização em 31 de março de 2025 às 18h49.
A decisão da Justiça francesa que condenou a líder da extrema direita, Marine Le Pen, a cinco anos de inelegibilidade impulsionou o nome de seu jovem pupilo, Jordan Bardella, de 29 anos, para representar a ultradireita nas eleições presidenciais de 2027.
Filho de imigrantes italianos, Bardella preside o partido de Le Pen, o Reagrupamento Nacional (RN) desde 2021, sendo escolhido por sua tutora de liderar a legenda nas eleições europeias de 2019 e 2024, saindo vitorioso em ambas.
Tendo recebido o apelido de "ciborgue", ele também é conhecido como "o genro ideal", aquele líder de extrema direita que não parece de extrema direita. Ele não é fraco nem pronuncia uma palavra mais pesadamente que outra, nem nada que possa facilmente servir aos seus adversários para chamá-lo de antidemocrático, xenófobo e muito menos racista.
Diante do público, ele apresenta uma biografia diferente da do clã Le Pen, que parece convencer. Cerca de 31% dos franceses o preferem, em comparação com 16% que escolhem a líder ultradireitista, segundo uma pesquisa da Odoxa sobre ambos, publicada nesta segunda-feira.
Em uma entrevista concedida à emissora, Le Pen diz que Bardella é um "trunfo tremendo para o movimento".
— Espero que não tenhamos de usar esse trunfo antes do necessário — disse, que recorrerá à condenação.
Nascido em 1995, o eurodeputado sempre destaca que cresceu em um conjunto habitacional de um subúrbio de Paris, marcado pelo "narcotráfico" e por meninas "com véu" islâmico. Mas Bardella, criado pela mãe, costuma evitar falar sobre o pai, um próspero empresário que lhe dá um carro, aluga um apartamento para ele e com quem passa os fins de semana em sua residência em áreas mais privilegiadas.
A isso se soma sua estratégia nas redes sociais para atrair os jovens. No TikTok, é uma das personalidades preferidas, com mais de 2 milhões de seguidores, e costuma tirar uma enxurrada de selfies após cada comício ou deslocamento.
Seus seguidores não hesitam em publicar vídeos dele, chegando até a desenhar corações. "Capitão, meu capitão, precisamos que nos guie", ouve-se em um dos vídeos publicados durante a campanha para as eleições europeias de 2024.
No plano ideológico, apresenta uma postura mais liberal na economia do que Le Pen e mais conservadora no campo social, sem abandonar, no entanto, sua linha dura contra a imigração, a insegurança e a ecologia "punitiva".
Em seu livro Ce que je cherche (“O que busco”), publicado em novembro, o jovem afirma querer unir "os franceses das classes populares e parte da burguesia conservadora", em prol da "unidade do campo patriota".
Os rivais de Bardella, que cursou geografia na universidade, mas não concluiu os estudos para se dedicar à carreira política, o acusam de não conhecer a fundo as questões políticas e de não ter posições claras.
"Eu não sou como você, que muda de opinião sobre tudo (...), dizendo 'queremos sair da Europa' e depois 'afinal, queremos ficar'", disse-lhe em maio de 2024, durante um debate, o então primeiro-ministro Gabriel Attal.
A ascensão do líder ultradireitista, sobre cuja vida privada se sabe pouco além do fato de ter sido namorado de uma sobrinha de Marine Le Pen, não esteve isenta de polêmicas.
Uma reportagem da televisão pública francesa denunciou em janeiro que, de 2015 a 2017, ele usou uma conta anônima no X, chamada "RepNat du Gaito", para compartilhar mensagens racistas, algo que o próprio nega.
O político também é acusado de endossar um dos preceitos da extrema direita contemporânea: o da "grande substituição", que sustenta que os imigrantes muçulmanos e africanos ameaçam substituir a população nativa europeia.
"Eu não uso esse termo, porque é um conceito muito intelectual", disse Bardella ao jornal El País há alguns anos. E esclareceu que ele, diferentemente de alguns dos propagadores dessa teoria, não acreditava que o que ela supostamente descreve fosse uma conspiração. Mas acrescentou: "indica uma realidade: onde cresci há franceses que já não reconhecem o país onde cresceram, incluindo franceses de origem imigrante."