Maria Colina Machado: líder da oposição venezuelanafoi anunciada, nesta sexta-feira, 10, como a vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025. (Jesus Vargas/Getty Images)
Repórter
Publicado em 10 de outubro de 2025 às 06h30.
A líder da oposição venezuelana Maria Corina Machado foi anunciada, nesta sexta-feira, 10, como a vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, em reconhecimento à sua “incansável defesa dos direitos democráticos do povo da Venezuela” e ao esforço “por uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”, segundo o Comitê Norueguês do Nobel.
Figura central da oposição ao regime de Nicolás Maduro, Machado se tornou um dos principais rostos da resistência civil na América Latina nas últimas décadas.
Mesmo sob ameaças, perseguições e impedida de concorrer nas eleições presidenciais de 2024, ela permaneceu no país — gesto que, segundo o Comitê, inspirou milhões de venezuelanos.
A trajetória de Machado é marcada pela defesa de valores democráticos em um cenário de forte repressão política.
Fundadora da organização Súmate, criada há mais de 20 anos para promover eleições livres e justas, ela desafiou a crescente militarização do Estado venezuelano, defendendo o voto como alternativa à violência.
Nascida em Caracas, em uma família conservadora e católica, María Corina inicialmente tinha apoio restrito às classes mais altas e a parte dos venezuelanos no exílio. Hoje, no entanto, seus atos reúnem centenas de apoiadores das classes populares, incluindo redutos chavistas.
Apesar de não ter sido candidata nas últimas eleições presidenciais, María Corina foi o principal rosto da oposição que tenta desbancar Maduro, no poder desde 2013, após a morte de Hugo Chávez.
Ela contesta o resultado das eleições de 28 de julho, que declararam o chavista vencedor, e argumenta que Edmundo González Urrutia, seu aliado, é o verdadeiro presidente eleito.
Em 2024, Machado foi escolhida como candidata presidencial da oposição, mas teve a candidatura bloqueada pelo regime.
Em vez de se retirar da disputa, decidiu apoiar Edmundo González Urrutia, nome que representou a unidade das forças opositoras.
A mobilização que se seguiu — com milhares de voluntários atuando como observadores eleitorais em todo o país — foi descrita pelo Comitê Nobel como um dos movimentos democráticos mais notáveis da região nos últimos anos.
Mesmo sob risco de prisão e tortura, cidadãos documentaram os resultados nas urnas e expuseram ao mundo as tentativas do governo de manipular o resultado.
Ao justificar a escolha, o Comitê destacou que Maria Corina “reuniu uma oposição antes fragmentada, resistiu à militarização da sociedade e manteve-se firme na defesa de uma transição pacífica para a democracia”.
O texto ressalta ainda que sua atuação cumpre os três princípios definidos por Alfred Nobel para o prêmio: promover a fraternidade entre as nações, reduzir os exércitos permanentes e favorecer congressos de paz.
O Comitê Norueguês do Nobel definiu Machado como “um exemplo extraordinário de coragem civil” e símbolo da esperança de um futuro em que “os direitos fundamentais sejam respeitados e as vozes dos cidadãos sejam ouvidas”.