A ultradireitista francesa Marine Le Pen deixando a sede do RN em Paris (Dimitar DILKOFF / AFP)
Agência de notícias
Publicado em 31 de março de 2025 às 12h43.
Última atualização em 31 de março de 2025 às 12h55.
A líder de extrema direita da França, Marine Le Pen, foi condenada pela justiça francesa nesta segunda-feira, 31, por desvio de verbas públicas. Na prática, a medida impede Le Pen de concorrer a cargos públicos — embora ainda não esteja claro por quanto tempo a proibição deve durar.
Figura popular na França, Marine entrou para a política por herança familiar: ela é filha de Jean-Marie Le Pen, que disputou quase todas as eleições presidenciais desde que fundou o partido Frente Nacional, na década de 1970 — até o momento em que Marine assumiu o seu lugar, em 2011, quando se tornou líder da legenda que em 2018 rebatizou de Reagrupamento Nacional. Desde então, Le Pen busca livrar seu partido das acusações de antissemitismo e negacionismo do Holocausto que assombraram seu pai. Por outro lado, voltou suas baterias para os imigrantes e em especial para a comunidade de religião muçulmana.
Quando assumiu a legenda, ela iniciou um processo de transição nos quadros partidários, que chamou de “desdemonização” da extrema direita. A intenção era amenizar a imagem da Frente Nacional para ampliar as suas chances na corrida presidencial de 2012.
Uma das mudanças mais significativas em seu projeto político é que ela não defende mais a saída da França da União Europeia. Mesmo assim, para Loureiro, um mandato dela à frente da Presidência da França poderia levar a dissonâncias no bloco, com o país assumindo uma linha parecida com a da Hungria de hoje, governada por Viktor Orbán, também da direita radical.
A desistência de criminalizar o aborto e o apoio ao casamento homoafetivo são outras mudanças mais recentes abraçadas pela candidata. Fora isso, Le Pen abandonou o objetivo de vetar a gravidez, que é um conjunto de técnicas usadas para ajudar casais inférteis (ou com fertilidade reduzida) e mulheres solteiras a ter filhos.
O caso envolvendo Le Pen, e também autoridades do Reagrupamento Nacional, trata de um esquema de uso indevido de fundos da União Europeia, desviados para benefício do partido. A promotoria francesa aponta que ela e outros membros eleitos do partido usaram indevidamente a alocação orçamentária para assessores da UE para pagar funcionários da Frente Nacional — o antigo nome do partido — que se concentravam essencialmente em política interna. Le Pen negou qualquer irregularidade e disse que a promotoria está buscando sua "morte política".
Os promotores pediram que a líder fosse proibida de concorrer a cargos públicos por cinco anos, com início imediato — o que a retiraria da corrida presidencial de 2027. O pedido também inclui que a proibição seja imposta independentemente de qualquer processo de apelação, usando uma medida de "execução provisória". Os juízes podem adotar, modificar ou ignorar o pedido dos promotores.
Além de Le Pen, o tribunal também condenou o prefeito de Perpignan e ex-eurodeputado, Louis Aliot, a 18 meses de prisão, incluindo seis meses sob monitoramento eletrônico, e três anos de inelegibilidade sem execução provisória, "para preservar a liberdade dos eleitores que escolheram seu prefeito".