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Quem é Steve Bannon, ex-estrategista de Trump que gerou polêmica ao fazer gesto considerado nazista

Estrategista assessorou republicano durante parte de seu primeiro mandato

Steve Bannon, aliado do presidente dos EUA, Donald Trump (ADAM GRAY/AFP)

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Agência o Globo
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Publicado em 22 de fevereiro de 2025 às 08h56.

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Steve Bannon, um ícone do populismo de direita e ex-estrategista de Donald Trump, gerou polêmica ao fazer um gesto considerado nazista durante uma convenção ultraconservadora perto de Washington, da qual também participou o presidente argentino Javier Milei. Bannon, que assessorou o magnata republicano durante parte de seu primeiro mandato (2017-2021), discursou, na quinta-feira, na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC).

"A única forma de eles ganharem é que nós recuemos, e nós não vamos recuar, não vamos nos render, não vamos desistir. Lutem! Lutem! Lutem!", disse ao final do discurso, estendendo o braço direito para frente com a palma da mão voltada para baixo. O gesto foi interpretado por alguns como a saudação que Adolf Hitler e outros fascistas europeus faziam no século XX.

Em resposta, o presidente do partido de extrema-direita francês Reagrupamento Nacional (RN), Jordan Bardella, cancelou o discurso que tinha previsto para esta sexta-feira na convenção, que reúne a elite da direita.

"Neste fórum [quinta-feira], enquanto eu não estava presente na sala, um dos oradores fez um gesto provocativo que fazia referência à ideologia nazista. Em consequência, tomei a decisão imediata de cancelar minha intervenção prevista para esta tarde", declarou Bardella em comunicado.

Seu entorno esclareceu mais tarde à AFP que o eurodeputado francês se referia a Steve Bannon, que foi convidado em 2018 na França para um congresso da Frente Nacional, que mais tarde se tornou o RN, presidido por Jordan Bardella e cuja líder é Marine Le Pen. Bannon nega ter feito um gesto nazista e afirma que se tratou de um cumprimento à plateia.

"Se ele cancelou por causa do que os principais meios de comunicação disseram sobre o discurso, é porque ele não ouviu o discurso. Se isso é verdade, é indigno de liderar a França. Ele é uma criança, não um homem", declarou Bannon ao jornal francês Le Point.

Quem é Bannon?

Apontado como um dos principais nomes por trás da vitória de Trump em 2016, e até hoje considerado um dos ideólogos do crescimento da extrema-direita nos últimos anos, Bannon foi um personagem importante nos eventos que levaram ao ataque de janeiro de 2021, e das tentativas do republicano de reverter a derrota para Biden nas urnas, em novembro de 2020.

Bannon foi estrategista-chefe do presidente até sua destituição, em 2017, e é considerado um dos responsáveis pela vitória do republicano em 2016.

Em julho de 2022, ele foi condenado por desacato ao Congresso, e em outubro daquele ano, sentenciado a quatro meses de prisão, em regime fechado. Um juiz federal determinou que ele deveria se apresentar para começar a cumprir a pena até o dia 1º de julho — na sexta-feira, a Suprema Corte negou um pedido para evitar a prisão enquanto um recurso estivesse sendo analisado.

Apesar da retórica exacerbada em seu podcast e entrevistas recentes, o papel de Bannon na campanha de Trump e sua influência sobre ele não são exatamente claros. Em 2017, ele foi demitido do cargo de conselheiro presidencial, em meio a uma série de disputas internas. Mesmo assim, permaneceu próximo do republicano, e chegou a receber um perdão presidencial, relacionado a acusações de fraude.

Atualmente, analistas veem similaridades entre ideias defendidas por Bannon, como o revanchismo contra membros do governo Biden e da Justiça, e o discurso do candidato à Presidência, mesmo que publicamente haja poucas interações entre os dois.

Bannon havia sido preso em agosto de 2020 sob acusação de fraude pelo desvio de até US$ 1 milhão doados por milhares de apoiadores de Trump para construir o prometido muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Ele pagou fiança no mesmo dia, declarou-se inocente e esperava seu julgamento em liberdade.

Ele atualmente administra um site de comentários políticos conservadores, "Bannon's War Room".

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